107 | TARÔ: INDICAÇÕES PARA SEU USO |
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As cartas se batem, ou se embaralham, sobre a mesa com ambas as mãos, deslocando-as com movimento circular, preferivelmente da direita para a esquerda, como se escreve o alfabeto hebraico (isto deve ser feito assim para que se mesclem umas com as outras, direitas e invertidas). As cartas devem ser cortadas, sempre, com a mão esquerda, conforme é costume. As cartas têm que ser tiradas do maço da parte de cima, e colocadas sobre a mesa. Ao abrí-las, dever-se-á ter a precaução de o fazer virando-as verticalmente (pegando-a, para isso, por seu extremo mais afastado) e levando a carta para você. Este ponto é particularmente importante porque, conforme saiam as cartas nas tiragens –quer dizer, direita ou invertida– seus significados variam completamente posto que se acham invertidos entre si. Deve se considerar que a carta está direita ou invertida, de acordo a como se ache com relação ao que lê a tiragem de cartas. Envolva seu TARÔ em um pano de seda da cor de sua preferência, e dedique uma caixa especial de madeira para guardá-lo nela. Acreditamos que você já tem a informação necessária para começar a praticar este maravilhoso "jogo". Entretanto, antes de começar a explicar as primeiras tiragens, queremos acrescentar algumas idéias e recomendações que nos serão úteis para sua melhor compreensão, e conseguir dele maior proveito. Em primeiro lugar, recordemos que o TARÔ, como todos os oráculos sagrados, foi desenhado através de símbolos que expressam uma doutrina cosmogônica; por essa razão, recomenda-se utilizá-lo fundamentalmente para realizar consultas doutrinais, e só em modo secundário para fazer perguntas de ordem pessoal, as quais, de todas as maneiras, serão respondidas. Sugerimos também, muito especialmente conseguir uma boa versão do TARÔ. Nós utilizamos, como já se viu, o TARÔ de Marselha, e este é o que recomendamos em primeiro lugar. Ocorre com todos os livros sagrados que, algumas vezes, foram "traduzidos" com graves enganos e sérias tergiversações, que em ocasiões até invertem o sentido original da escritura. O mesmo aconteceu com o TARÔ, e freqüentemente nos encontramos com certas versões que mais bem parecem ter sido realizadas para confundir, muitas das quais levam implícitas "segundas intenções", quando não são o produto de meros fins comerciais. É muito importante não se afastar em nenhum momento dos Princípios que se encontram implícitos nas lâminas; às vezes, temos a tendência de ficar no sentido preditivo dos oráculos, e nos esquecermos a origem de seus símbolos. Para isto, é recomendável recordar constantemente os significados numéricos, geométricos, cabalísticos, astrológicos, etc., de cada carta, o que nos permitirá ter uma compreensão mais cabal deste "Livro". Todos os símbolos sagrados transmitem também as energias dos sábios e homens de conhecimento que neles meditaram, o que poderemos comprovar com a experiência. Em muitas escolas que utilizaram o TARÔ como veículo iniciático, costuma-se conhecer primeiro os vinte e dois Arcanos Maiores, antes de começar a jogar com os Menores e as Cartas da Corte. Para começar, jogue só com os vinte e dois Maiores. Não utilize as outras cinqüenta e seis lâminas até que esteja seguro de ser apto para isso.
PREPARAÇÃO É recomendável guardar o TARÔ –e todos os objetos e livros sagrados– em um lugar escolhido, fora do alcance dos profanos. É ideal, se você tiver, uma mesa especial para lê-lo –redonda ou quadrada– e que possa cobri-la com um pano que lhe facilite o embaralhar as cartas. É também muito conveniente que você realize um rito –ainda que seja uma simples cerimônia– quando receber pela primeira vez seu TARÔ. Espere para abri-lo em um dia de lua nova, ou de lua cheia, e faça-o preferivelmente em horas da noite. Acenda uma vela (fogo), um incenso (ar) e ponha uma taça com água. O maço de cartas e a mesa simbolizarão a terra. Tire as cartas do pacote em que venham guardadas, e logo siga os seguintes passos: a) Limpeza das cartas: tome todo o conjunto sustentando-o firmemente entre os dedos polegares e índice da mão direita, e sacuda-o com força por sete vezes seguidas (em forma similar a como se sacode um termômetro para baixá-lo), pronunciando em voz alta os nomes dos sete planetas. Pode seguir a ordem dos dias da semana: Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus, Saturno e o Sol. b) Concentração e visualização: uma vez limpa as cartas, passe-as uma a uma, concentrando-se em todas as lâminas por um momento. Cada carta é um mandala e pode servir como suporte para a meditação. Você já está preparado para realizar sua primeira tiragem. Siga os passos e recomendações que lhe demos, um a um, com atenção. Faça-o lenta e relaxadamente. Em todas as ocasiões que você vá consultar o TARÔ, procure ter os objetos que lhe indicamos sobre a mesa. Também deve realizar a limpeza das cartas cada vez que vai se fazer uma nova consulta. Como no princípio só se utilizarão os vinte e dois Arcanos Maiores, guarde as restantes cinqüenta e seis lâminas em seu pacote. Nas próximas tiragens, unicamente faça a limpeza e a concentração com as primeiras vinte e duas. Antes de fazer uma nova tiragem, ponha sempre as 21 cartas numeradas em ordem de 1 a 21. A carta sem número, O Louco, coloca-se em primeiro ou em último lugar. Pergunta: Já limpas as cartas, e depois de se haver concentrado em cada uma delas, junte-as todas e as ponha sobre a mesa. A pergunta feita ao TARÔ é muito importante, pois muitas vezes é ela que determina o nível da resposta. Ponha sua mão direita sobre o maço, procurando tocar as lâminas com as polpas dos dedos. Concentre-se bem e faça a pergunta clara e confidencialmente. Com segurança, o oráculo vai lhe responder –possivelmente, no princípio, a níveis inconscientes–, e esta resposta deverá ser aceita como solução ao que se pergunta. Se nas primeiras tiragens não compreende claramente o que tem o TARÔ para lhe dizer, não se preocupe. Com a prática entenderemos cada vez melhor e retificaremos nossos enganos de interpretação. Como embaralhar: Uma vez formulada a pergunta, proceda a revolver as cartas em forma circular e da direita para a esquerda (como já lhe indicamos, contra os ponteiros do relógio). Embaralhe-as bem. Saiba que está transmitindo suas energias ao TARÔ, e que na verdade é de você mesmo de quem está saindo a resposta. Havendo-as já revolvido pela primeira vez, junte todas as cartas em um só maço e as ponha com as ilustrações para baixo sobre a mesa. Corte-as em três grupos com a mão esquerda e as junte de novo procurando que fiquem em posição diferente de como estavam antes de cortar. Faça o mesmo um total de três vezes, embaralhando e cortando cada vez. Logo depois de ter cortado e juntado as cartas pela terceira vez, ponha-as no centro da mesa. Você já está preparado para fazer a tiragem. Tiradas ou tiragens: Até este ponto, a cerimônia é sempre a mesma. Procure repetí-la de igual forma, porque a reiteração do rito lhe outorgará cada vez maior força e vigor. Daqui em diante o que varia é a forma de colocar as cartas, ou seja, as diferentes tiragens ou tiradas. Há muitas maneiras de fazê-lo, e todas elas têm em sua estrutura figuras geométricas. Se dissemos que cada carta é um mandala, devemos mencionar que cada forma de as colocar em uma tiragem também o é. Indicar-lhe-emos a seguir como fazer algumas tiragens, para que comece a praticar. Recorde que estes trabalhos estimulam a paciência e a perseverança. Estamos aprendendo uma nova linguagem com a qual, pouco a pouco, iremos nos familiarizando. De momento, abramos nosso coração e permitamos que o TARÔ nos transmita sua luz.
A TIRAGEM DA CRUZ A tiragem da cruz é a mais simples de todas e por sua vez a mais sintética, e possivelmente a mais perfeita. É excelente para começar a aprender o TARÔ, e nos será sempre útil quando quisermos obter uma resposta clara e concisa. 1) Como se realiza a tiragem: a) Coloque 4 cartas para baixo, fazendo uma cruz, pondo-as na ordem que se mostra, começando pela de cima. b) Abra-as uma a uma, como lhe indicamos, virando a carta verticalmente e para você. c) A carta central, ou quintessência, é obtida somando os números das quatro cartas que saíram. Se a soma der 22 ou menos, tire a carta que tenha o número resultante e ponha-a no centro da cruz, como se dirá. Se soma mais de 22, faça a redução numérica, obtendo assim a carta central. Se a soma desse, por exemplo, 68 (20+17+21+10 = 68 = 6+8 = 14), coloca-se a carta número 14 no meio. Se a carta "O Louco" –à que se atribui valor zero ou 22– sair entre as quatro primeiras, tomará por zero, ou seja, não se somará. Mas se a soma das quatro dá 22, deve-se pôr "O Louco" no meio. d) A carta central se coloca direita ou invertida, segundo a posição das outras quatro cartas. Se a maioria (3 ou 4 cartas) está direita, coloca-se a quinta dessa maneira. Se a maioria sair invertida, assim se colocará a central. Se saírem duas direitas e duas invertidas, deverá colocar a quinta deitada horizontalmente e ler de ambas as maneiras. Se a soma das quatro cartas
desse por resultado o número de alguma que já tenha
saído, isto significa que o oráculo se nega a responder.
(Exemplo: se saíssem as carta números 7, 13, 11 e 3,
a soma nos daria 34, que se reduz 3+4 = 7, e este número 7
já está fora). Neste caso junte as cartas, volte a
fazer a pergunta, baralhe e corte uma vez mais, e tente de novo.
Se chegar a se negar outra vez, prove uma última oportunidade.
Se isto ocorrer por três vezes seguidas, indica que o oráculo
se nega a responder definitivamente. Essa negativa já é uma
resposta. Guarde seu TARÔ para outra ocasião. 2) Como se interpreta: a) A carta da esquerda, que colocamos no número 2, indica as energias que se encontram favoráveis ao consulente; aquelas que lhe beneficiam e que lhe convém atrair. b) A da direita (N° 4), assinala as energias que se acham em oposição e que deve temer e rechaçar. Acontece muito freqüentemente que uma carta invertida sai favorável, ou que uma direita apareça em posição contrária. Este é um dos paradoxos –tão próprios dos oráculos e livros sagrados– que devemos aprender a compreender. Salvar estas contradições é parte importante do trabalho. c) A carta de cima (N° 1) é uma síntese das duas anteriores –tese e antítese– e se deve compreender relacionada com elas. Por sua vez, as duas primeiras serão mais claras à luz desta terceira. d) A de baixo (N° 3) é o conselho que dá o TARÔ ao consulente a respeito da pergunta formulada. Também pode se dar o paradoxo de que, no conselho, saia uma carta invertida. e) A carta do centro (N° 5) é a síntese de toda a resposta. Está influenciada pelas quatro exteriores e, por sua vez, exerce influência sobre elas. Devemos nos acostumar a ler as cartas relacionando-as umas com outras, e não isoladamente. Também devemos saber que nem todos os significados dados a cada arcano são aplicáveis à totalidade das perguntas. Se assim fizéssemos, estaríamos realizando uma leitura literal que jamais nos permitiria captar o que o TARÔ nos está transmitindo. Embora convenha estudar, e até memorizar, as distintas acepções de cada uma das cartas, o mais importante é despertar pouco a pouco a intuição, para poder reconhecer a que estão se referindo. As significações que demos variam segundo a ocasião, ajustando-se à pergunta formulada, e de acordo às relações das cartas entre si. Pouco a pouco, captaremos o "sentido" dos arcanos, que está além da soma de seus significados. Na leitura do TARÔ nada deve ser considerado como "fixo". Uma carta, que em determinadas circunstância nos diz uma coisa, pode nos dizer algo distinto em diversas situação ou desde outro ponto de vista. O artista do TARÔ não simplifica nem reduz sua perspectiva. Recordemos além que o TARÔ é tão somente um veículo, ao qual nunca deveremos confundir com a meta a que nos conduz. Também saibamos que as respostas destes oráculos não devem ser tomadas como um predeterminismo, nem devemos entender as indicações que obtenhamos para o futuro como algo que necessariamente ocorrerá. O TARÔ –como acontece também com a Astrologia e com os influxos planetários– dá-nos certas pautas a respeito das influências que as energias invisíveis exercem sobre nós. Possivelmente, o desconhecimento delas –ou sua simples negação, por ignorância– faz com que certamente nos determinem; mas o conhecê-las através do oráculo permite nos liberar daquelas que impedem nossos crescimento e realização espiritual, e aproveitar melhor as que nos beneficiam.
A TIRAGEM DO ARCO A tiragem da cruz se refere sempre ao presente. Esta outra forma de colocar as cartas nos permite observar, além disso, o passado e o futuro. É chamada também "tiragem do sim e do não", porque as cartas que saem direitas são consideradas afirmativas, e as invertidas, negativas. l) Como se realiza a tiragem: Coloque as cartas, sempre
para baixo, na ordem que se mostra:
2) Como se interpreta: As três primeiras cartas se referem ao passado, sendo a N° l o passado mais remoto (a origem da situação pela qual se pergunta), a N° 2 o passado intermédio e a N° 3 o passado imediato, intimamente ligado com o presente. A N° 4 é o presente, síntese de toda a tiragem. E as três últimas se referirão ao futuro, da mesma maneira, isto é, a N° 5 ao imediato, a N° 6 ao intermédio e a N° 7 ao remoto. Se a tiragem da cruz pode ser vista como uma radiografia ou uma fotografia do presente, esta deve ser lida mais horizontalmente, como se fora um filme cinematográfico em que uma imagem vai se sobrepondo à outra, sucessivamente, a anterior influenciando à seguinte, tal qual acontece com a ritualidade do carma.
A TIRAGEM DO ARCO E DA CRUZ Você pode fazer as duas tiragens explicadas anteriormente de maneira simultânea, colocando-as na seguinte ordem. São lidas em interação umas com as outras:
Esta tiragem leva esse nome pela ordem em que se colocam as cartas, tal como se pode observar no diagrama. Sua estrutura é o quadrado de 4, chamado também "quadrado mágico de Júpiter". Esta é uma forma muito completa de tirar as cartas, pois permite diversos modos de interpretação que podem ser feitos sucessiva ou simultaneamente. Uma vez realizada a cerimônia, tal como se explicou, coloque as cartas na seguinte ordem: As 12 primeiras cartas, que ficam colocadas na parte de fora do quadrado, indicam os aspectos mais exteriores da resposta; as cartas colocadas nos locais 13 a 16 se referem aos mais interiores e ocultos. Divida o quadrado geral em 4 pequenos quadrados de 4 cartas cada um, e interprete a resposta da seguinte maneira: a carta situada no posto 13, estará intimamente ligada com a 12, a 1 e a 2; a 14, com as 3, 4 e 5; a 15, com as 6, 7 e 8, e a 16 com as 9, 10 e 11. Isto quer dizer que as energias simbolizadas pelas cartas de dentro, influem nas de fora que, por sua vez, se vêem influenciadas por estas. As cartas localizadas nas casas de 1 a 4 se referem ao passado, sendo a 1, ao mais remoto; a 2, ao intermédio; a 3, ao passado imediato, e a 4, ao ponto de intercessão com o presente, ao que também se referem as posições 5, 6 e 7. As numerada de 7 a 10 correspondem ao futuro, do mais imediato até o mais remoto. E as 11 e 12 constituem a síntese da tiragem, que freqüentemente é contraditória, pois saem cartas que indicam aspectos opostos e complementares da resposta. Também soe fazer-se outra interpretação desta mesma tiragem, vendo nas 4 linhas horizontais da mesma aos 4 níveis ou planos do Árvore Sefirótica, assim: as casas 4, 3, 2 e 1 se referem ao Mundo de Atsiluth; as numeradas 5, 14, 13 e 12, a Beriyah; as 6, 15, 16 e 11, a Yetsirah; e, finalmente, as 7, 8, 9 e 10, a Asiyah. Como vemos, a mesma tiragem nos pode servir para fazer uma interpretação no tempo sucessivo, e também para obter uma resposta do presente em profundidade. A esta tiragem, como as que lhe seguem, podem acrescentar os Arcanos Menores, à medida que se compreendam seus significados. TIRAGEM ASTROLÓGICA Esta tiragem tem uma estrutura similar à anterior, mas em forma circular, servindo, neste caso, como base o símbolo do Zodíaco. Soe empregar-se esta forma de colocar as cartas para investigar a respeito de um ciclo completo, seja pequeno, como um ciclo diário, ou maior, como o do ano, ou para observar ciclos históricos ou até ciclos cósmicos. Alguns recomendam fazê-la no dia do aniversário de uma pessoa, ou no primeiro dia do ano, ou nos dias dos solstícios ou dos equinócios. Embora neste caso a resposta se referirá às distintas influencias no tempo sucessivo, diz-se que todas as leituras do TARÔ têm que se referir sempre ao presente, vendo pois o passado e o futuro da perspectiva do agora. Coloque as cartas na ordem que se indica logo a seguir, determinando previamente a magnitude do ciclo que quer investigar e o tempo ao qual se referirá cada uma das cartas: Como na tiragem anterior, as 12 cartas que ficam colocadas fora se referem a aspectos exteriores, e as 5 de dentro aos mais interiores, estando igualmente a casa 13 ligada às numero 12, 1 e 2; o 14, às 3, 4 e 5; a 15, às 6, 7 e 8; e a 16, às 9, 10 e 11. Neste caso a carta 17 será a síntese da tiragem, e deverá ser lida no direito e no invertido, na mesma proporção em que tenham saído as outras 16 cartas, direitas ou invertidas. Esta tiragem se presta também para fazer diversas especulações e cálculos referentes aos simbolismos astrológicos, atribuindo-se a cada uma das 12 cartas exteriores, os 12 signos zodiacais; as 4 cartas da cruz interior corresponderão aos solstícios e aos equinócios, e a 17 e última será o centro, síntese e quintessência imóvel da roda cósmica. Recorde-se que a esta tiragem podem ser adicionados Arcanos Menores, uma vez que se compreenda seu sentido.
A TIRAGEM DAS CASAS ASTROLÓGICAS Assim como o zodíaco, em seu ciclo anual, divide-se em doze signos mensais, se o virmos em um ciclo diário, a roda zodiacal fará também um percurso aparente completo ao girar a Terra ao redor de seu próprio eixo. Alguns astrólogos consideram que, durante as vinte e quatro horas que seguem ao nascimento de uma pessoa, refletir-se-á toda sua vida. Para fazer as observações, dividem a roda do zodíaco em doze Casas e fazem corresponder duas horas a cada uma delas. Isto determinará o signo ascendente e descendente do indivíduo e diversos aspectos de sua personalidade. Estas doze casas são:
Depois de realizar os ritos próprios de qualquer tiragem já explicados, coloque doze cartas intimamente vinculadas com as casas zodiacais, nos seguintes postos, desta forma: Deve ler o significado
de cada carta que sai relacionado com os sentidos atribuídos
a cada casa. Ou seja, que têm que se combinar, para a interpretação,
os símbolos das cartas em relação às doze
mansões, que permanecem fixas e inalteráveis quanto a
seus valores. Podem-se mesclar os arcanos maiores e os menores nesta
tiragem, assim como utilizar exclusivamente os maiores.
A TIRAGEM DA ÁRVORE DA VIDA Esta tiragem é especialmente adequada para estabelecer relações, principalmente se já tivemos práticas com a Árvore Sefirótica e estamos bem familiarizados com ela. Coloque
as cartas na ordem que se indica, que é o mesmo da Árvore
da Vida da Cabala: Observe as diferentes cartas que tenham saído em cada uma das sefiroth, e estabeleça as correspondências. Isto lhe permitirá inter-relacionar umas com as outras, pois cada carta, como vimos, corresponde também a uma delas [N.T. sephirah], e seu simbolismo nos ajudará a compreendê-la melhor. Costuma-se realizar esta tiragem para fazer uma análise do momento presente e, muito freqüentemente, para nos observar internamente nas diferentes fases de nosso processo. Para esses efeitos, divida a Árvore nos quatro planos –conforme o vimos– e relacione especialmente as cartas que se encontram em cada um deles, o que lhe permitirá conhecer sua realidade oculta nos diversos níveis do ser. Podem ser tirados, também, dois percursos da Árvore da Vida, um de cima para baixo e o outro de baixo para cima, observando neste caso as energias descendentes e ascendentes. Também, se a pergunta assim o requerer, pode se corresponder uma destas Árvores ao passado e a outra ao futuro, embora, como sempre, vendo-as da perspectiva do presente. As cartas do TARÔ podem ser visualizadas, conforme o comprovamos, desde muito diferentes pontos de vista. Como elas expressam, a sua maneira, uma cosmogonia, constituem um pantáculo, ou pequeno todo, capaz de nos fazer compreender o macro e o microcósmico expressando-se em uma perfeita harmonia. O dito sobre o TARÔ, deve ser entendido –como já o terá observado o leitor atento– em relação com toda a informação que demos. Os temas tratados constituem uma unidade, e estão entretecidos de tal maneira, que as mesmas idéias vão sendo expressas através de diversos símbolos, obtendo-se sua compreensão e vivência pela reiteração ritual que com o estudo, a meditação e as práticas que sugerimos, vai realizando no interior da consciência de cada um. As cartas cumprem a função de evocar pensamentos e relações que despertam a inteligência, e também a de nos recordar –graças ao estímulo visual do símbolo– as idéias que estão nelas contidas. Fizemos especial ênfase nas relações dos arcanos com a Árvore da Vida Sefirótica, pois esta constitui sua estrutura essencial e invisível, e nos permite conectar as cartas com os princípios da Numerologia, da Astrologia e da Alquimia, e todas as demais artes e ciências sagradas, gnósticas e herméticas, como uma unidade, em forma global. Recordemos que o TARÔ é um livro sagrado, e que além disso é um oráculo e, à vez um magnífico conselheiro. É por meio da prática, e sempre tratando de encará-lo no nível mais alto, que descobriremos suas múltiplas virtudes. As idéias e relações expressas a respeito de cada um dos arcanos, são só chaves que o estudante deverá utilizar por si mesmo, abrindo com elas as portas do entendimento. Sendo suas possibilidades virtualmente ilimitadas, aos interessados corresponderá a tarefa de desenvolvê-las e de ampliá-las, o que redundará –estamos seguros– numa melhor compreensão e realização do trabalho interno que toca a cada um, segundo suas possibilidades. "Conhece-te a ti mesmo". |
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A disciplina fortalece o caráter e preludia a fecundação e a realização espiritual. O abandono do meio e a mais profunda solidão se fazem necessários, até se tornarem imprescindíveis em determinados momentos, onde o silêncio é autêntico refúgio e o isolamento, protetor castelo interior. Para isso, então, já se advertiu a impostura de considerar à solidão como um tabu angustiante, ou como a ausência de uma "felicidade" (tão inexistente como cobiçada); mas, pelo contrário, [deve se considerar a solidão] como a predecessora de um mundo encantado de imagens mágicas, de sombras e luzes da memória do universo, refletidas no cenário da consciência. (Tudo isto é algo novo, ou simplesmente estava aqui e não fomos capazes de vê-lo porque tínhamos uma descrição diferente e equivocada da vida?). Mas, a par de descobrir estas maravilhas, o aprendiz observará que o meio tratará de marginalizá-lo, talvez em proporção direta com seu interesse em fazer partícipes aos outros, indiscriminadamente, do real conteúdo espiritual de suas novas experiências, achados e conhecimentos. Motivo pelo que o silêncio, não só como disciplina, mas como norma efetiva e prática de comportamento, foi sempre recomendado no trabalho hermético. Isto choca com a necessidade de expressar a doutrina na época em que vivemos, onde se converteu em um algo quase imprescindível dada a ausência de vozes que se elevam para fazer conhecer, difundir e defender a ciência sagrada, virtualmente esquecida pelo homem de hoje, e desconhecida pela maior parte dos contemporâneos. Por outra parte deve se destacar que às vezes os neófitos, sumidos em seus profundos trabalhos de realização metafísica, mágica e espiritual, esquecem o exilados que estão nesta terra, e podem chegar a acreditar que os demais, que todo mundo, participa da realidade de suas crenças, quando isto obviamente não é assim mas, pelo contrário, muitas das coisas ligadas à Tradição são olhadas pelo mundo moderno com um ódio revulsivo, uma repugnância irracional, ou um desprezo olímpico, tão exatamente invertidas estão as coisas entre o mundo sagrado e o profano, entre o Conhecimento e a ignorância. |
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Fim do Módulo II
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