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ALFABETO E ESCRITURA

 

Os distintos esoterismos coexistem e são idênticos em essência, enquanto o exotérico nas diferentes tradições toma formas que as contrapõem entre elas. Isto é válido para a soma das diversas formas tradicionais e seus símbolos, ritos e mitos. Enquanto o esotérico é interior e se refere aos princípios imutáveis, o exotérico faz insistência no superficial e no múltiplo. O esotérico une, o exotérico divide (ver Módulo I, título N.º 2).

O anterior é notório nas tradições hebraica e árabe, hoje tão contrapostas no material, o que se traduz em ódios e diferenças religiosas, sociais, econômicas e políticas. Entretanto, as raízes, e até o tronco, são comuns para ambas as tradições face às diferenças das flores e frutos, e os iniciados e esoteristas das duas (sufis e cabalistas) referem-se não só a um mesmo Ser e a uma idêntica e Suprema realidade, mas também seus métodos de aproximação dela são nitidamente similares. Adicionemos que os esoteristas de ambas as tradições foram e são perseguidos pelo exoterismo oficial e religioso.

Nos alfabetos, é patente esta identidade, assinalando desde já a profunda analogia que existe entre eles, e fazendo a condição de que, pese a ter o islâmico 28 letras, corresponde-se perfeitamente com o hebraico (algumas destas letras são virtualmente iguais). Por outra parte, a cada letra corresponde um número e se fazem cálculos análogos em ambas as línguas com relação ao valor dos signos. O Nome Supremo tem quatro letras tanto entre os judeus como entre os árabes, que são postas em relação com os quatro elementos, os quatro pontos cardeais, as qualidades do poder divino, etc.

O magno testemunho do islã (a shahadá) compõe-se de quatro palavras, sete sílabas e doze letras, tal qual expressa também o Sepher Yetsirah. A criação é considerada como um livro, do qual as criaturas são as letras. O universo é uma escritura, um discurso provocado pela expansão do Verbo, o que configura o livro do mundo. Pelo que, tanto o Corão, quanto a Bíblia são textos sagrados reveladores que expressam a totalidade do cósmico, sendo suscetíveis de serem lidos de diferentes maneiras hierarquizadas e ocultas, que manifestam de modo real o Espírito Supremo.

Os especialistas islâmicos, dedicados à ciência das letras (os hurufis), dão enorme importância ao Alif, primeira letra do alfabeto, valor um, pois dela derivam os principais nomes. As letras, como a linguagem, são os atributos da essência divina e são imanentes a todas as coisas, pois são as materializações da Palavra, Kalimat Allah e seu discurso criador. O nome, composto de letras, significa verdadeiramente a coisa nomeada e, portanto, revela-a (kashf). É no homem onde se manifesta conscientemente esta escritura divina, da qual, por outra parte, ele é um signo. A escritura é um exemplo evidente do mistério do ser e uma grafia permanente da mais alta atividade da pluma do Criador, que se expressa também pela palavra, pela linguagem, pelo nome e, sobretudo, pelo som, que os antecede.

Desde este ponto de vista, o estudo e a leitura de qualquer texto sagrado, ou verdadeiramente esotérico, não são absolutamente vãos, senão que tal texto, ao manifestar em si e por si a potência geradora, não pode deixar de ser –para quem se abre a ele– autenticamente transmutador e constituir de fato uma gnose. Isto é patente na Tradição Hermética onde o livro é o veículo por excelência.

 
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CIÊNCIA  II

 

A matéria, tal como se refere a física oficial, na verdade não existe. A máquina do mundo permanece em constante atividade e ora se esfria, ora se esquenta conjugando-se permanentemente na ronda dos quatro elementos que a compõem, que alternativamente preponderam um sobre o outro. O motor é ígneo: efetivamente é a intensidade do fogo que derrete o sólido, liquidificando-o, e posteriormente transforma estes líquidos em gases, que mediante esfriamento começam novamente a se condensarem e se estabilizarem em sólidos.

Da Antigüidade greco-romana, esta roda de fogo, ar, água e terra preocupou filósofos e sábios, que jamais consideraram à matéria como algo fixo e imóvel, mas sim como um conjunto de elementos em permanente mudança e reestruturação. A unificação matéria-energia, vale dizer, a unicidade da matéria, foi um axioma alquímico tradicional. O mesmo aconteceu com a unidade indissolúvel espaço-tempo, presente nas concepções dos povos arcaicos.

É só recentemente que a ciência tornou a reconsiderar sua concepção dualista e dicotômica, demasiado mecânica, com a qual se pretendia julgar os seres e os fenômenos de uma maneira esquizofrênica, própria dos pontos de vista das grandes cidades modernas. Assim, a física subatômica observa que as partículas existem e não existem simultaneamente, e que na verdade a diferença entre dentro e fora não é mais que uma maneira de encarar as coisas, em perfeita coincidência com as sociedades tradicionais que vêem o universo como um homem, animal ou organismo gigantesco, que não se encontra nem cheio nem vazio. Coisas que parecem opostas e incompatíveis são consideradas hoje como distintos aspectos de uma mesma realidade.

O espaço chamado vazio contém todas as possibilidades virtuais de qualquer desenvolvimento e possui um número ilimitado de partículas que nascem e desaparecem espontaneamente. Até o movimento e o repouso, a existência e a não existência, a força e a energia são considerados como antagonismos fenomênicos que unicamente podem ser compreendidos sob a noção de complementaridade. Tampouco há diferença entre o ser e o ato. Todas as manifestações do mundo procedem da expressão de uma mesma realidade, que chega a ser e, logo, desintegra-se, transformando-se em outra coisa que, por sua vez, modifica-se em outra e assim indefinidamente. A transitoriedade dos objetos, a incessante mutação das coisas e o fluir do rio da existência são uma realidade viva e tangível além de qualquer metáfora que, além disso, explica-nos a ilusão permanente do homem histórico e seu cuidadoso engano.

 
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NOTA: SOBRE A MELANCOLIA

 

A paixão, ou loucura heróica, o furor, como Platão o compreendia e como motor do Conhecimento, fonte de inspiração e meio do processo iniciático, produz excelentes resultados, regidos por Marte, quando se sabe combinar com o temperamento melancólico e sua biliosa e negra expressão, atribuída ao planeta Saturno.

Deve recordar o sentido real e simbolicamente elevado deste último planeta e as sutis energias que como tal contém, além de seus aspectos negativos e das pesadas cargas que se lhe impinge a interpretação supersticiosa ordinária, incapaz de considerar os distintos aspectos das coisas e portanto de conciliar opostos. Saturno é também a lentidão e a sabedoria da velhice, e a entrada em um estado purificador parecido à morte. O Renascimento valorizou de modo extraordinário a melancolia, e a tristeza com a qual se manifesta, e considerou que era um estado onde florescia a inspiração, o berço da compreensão e a sala de espera do êxtase. Grandes pintores como Dürer e a escola de pintura flamenga a retrataram e destacaram sua vinculação com o metafísico, o simbólico, o numérico e o esotérico.

Atribuía a este humor ser próprio de heróis, poetas e grandes homens; e em que pese ser de difícil tolerância pelos interessados nos momentos em que esta forma de caráter se apresenta, considera-se –e assim o testemunha Agripa– que gera um frenesi que leva à sabedoria e à revelação.

Os "mistos", segundo a Alquimia, são aqueles iniciados que ainda não terminaram seu processo e se encontram escarranchados entre o cru e o cozido, o frio e o calor, o profano e o sagrado. Pode-se assegurar que estes aspirantes ao Conhecimento experimentaram esse humor na própria carne, e tiveram que agüentar os embates da tristeza; de Saturno e da melancolia. Embora devam reconhecer-se, também, os aspectos benéficos destes estados, por momentos intoleráveis, que acompanham os "mistos" ao longo do processo de Conhecimento, onde se encontram muito assinalados, e põem marcos e balizas no caminho da vida.

Tome o estudante do AGARTHA devida conta de tudo isto.

 
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AS QUATRO LEITURAS DA REALIDADE

 

Falamos de En Soph como do supracósmico, ou verdadeiramente metafísico, no sentido etimológico mais elevado e radical do termo. Queremos aqui indicar a vinculação das três primeiras numerações ou sefiroth com os princípios universais do ser tratados pela ontologia. Também com as seis sefiroth de construção cósmica, referentes à cosmogonia (plano ou mundo de Beriyah e Yetsirah) e a concreção material ou física (plano ou mundo de Asiyah).

Diz-se em Teologia que há quatro maneiras de ler a Bíblia, ou melhor, quatro leituras de seu texto (literal, alegórica, tropológica, anagógica). Dante também o explica no Prólogo de A Divina Comédia (reparastes neste título?) referindo-se a sua própria obra que, como sabemos, inclui uma descida aos infernos, um purgatório e uma posterior ascensão aos céus. Esta concepção das quatro leituras da realidade (ou três equiparáveis a elas segundo outras tradições) corresponde aos distintos planos dessa realidade e igualmente aos graus hierárquicos de seu conhecimento.

No judaísmo, são igualmente quatro os planos ou níveis de leitura dos textos sagrados, em perfeita coincidência com o modelo da Árvore da Vida, e a Teoria das Emanações. Inscrevem-se de baixo para cima, de Asiyah a Atsiluth, e são correlativamente Peshat, Remez, Derash e Sod. Peshat é o sentido da leitura literal, Remez o alegórico. Derash o sentido reto e Sod o sentido secreto. Poderá reconhecer-se que as letras iniciais destes quatro termos PRDS, configuram a palavra PaRDeS, que quer dizer Paraíso ou Jardim, e se refere a um lugar, ou melhor, a um estado original que só se pode adquirir quando se completa com a última letra (a “S” final) toda a palavra. Deve se recordar que esta letra “S” corresponde ao Sod, cuja tradução é “segredo”.

Pardes

 
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ALQUIMIA

 

Às vezes a Alquimia se expressa numa linguagem e num simbolismo complexo e “obscuro”, e isto é assim face aos cuidados de nosso PROGRAMA que trata de sintetizar, esclarecer e expressar em uma linguagem clara e atual verdades que, entretanto, necessitam para ser compreendidas de uma reforma da compreensão profana, o que justifica em algumas circunstâncias o uso dessa aparente obscuridade ou contradição, para fazer funcionar os esforços pessoais através de uma série de exercícios mentais (e físicos) regidos pela coerência interna dos mesmos símbolos e sua estrutura lógica e, ao mesmo tempo, supra-racional. Por este motivo, a importância do estudo e da meditação sobre o modelo cosmogônico no primeiro grau iniciático, tratando de não deixar um oco na compreensão deste, pois é um trampolim imediato para a integração no ontológico e metafísico.

O tempo, sobre o qual atua a paciência tanto como a dedicação, é um grande auxiliar no trabalho alquímico-hermético, e na Cabala se aponta que o trabalho do neófito começa a maturar quando começa a encanecer, ou quando passa os quarenta anos (ou ciclos), número este várias vezes mencionado nos textos sagrados. Mas, sobretudo, tem que se destacar a intensidade com que o aprendiz encare o Conhecimento, o que o levará, quando esta é firme, decidida e prudente, às portas de uma segunda Iniciação, muito mais real e verdadeira, que já não é somente especulativa, teórica, ou intelectual, mas sim operativa, prática e encarnada.

Na Alquimia chinesa, também existem duas iniciações. A primeira corresponde ao “homem verdadeiro” (Tchenn-jen), a segunda ao “homem transcendente” (Cheun-jen). O acesso ao estado de “homem transcendente” supõe o de “homem verdadeiro”, que o antecede. Este último seria o ser (ontologia) obtido por meio da iniciação, que por sua vez tem que se dissolver na infinitude do não-ser (metafísica), ou seja, voltar a morrer e renascer.

Na primeira etapa o aprendiz tem que se abandonar e abandonar o mundo da leitura profana e nascer para a realidade simbólica. Esse rechaço do mundo profano implica uma morte (dissolução) e um renascimento, aonde se vai formando o ser (coagulação), ou seja, o Conhecimento. Posteriormente, esse ser deve, de novo, dissolver-se em uma lúcida ignorância e assim poder gerar uma autêntica nova vida interior, nascida dos planos mais sutis da consciência e de um conhecimento que se basta por si mesmo. Isto é, se a graça de Deus, acrescentando sua sede de saber, permiti-lo. Por outra parte, este é o esquema dialético e prototípico da Alquimia. E estas duas operações básicas de dissolução-coagulação se repetem muitíssimas vezes no processo iniciático (ou alquímico) como ciclos pequenos girando dentro de ciclos grandes; e é de se notar que quanto mais se repitam, mais redundarão em bem do aspirante, que deve considerar que se encontra em presença de bons sinais quando estes fenômenos ocorrem.

O taoísmo (extremo oriental) é brando e dissolvente. Os chineses e seus descendentes culturais sublinham o metafísico; ao contrário, os mediterrâneos e sua área de influência (ocidental) fazem insistência no ontológico e cosmológico. Neste sentido, podem ser consideradas complementares estas duas tradições, em um processo de realização interior, e também serem conjugados seus ensinos e métodos com amplo benefício. Mas ambas as tradições consideram as duas iniciações sucessivas, referidas aqui. O estudante deve investigar não só na Alquimia ocidental (mineral), mas também na chinesa (vegetal).

Na tradição judaica (e árabe) o “homem verdadeiro” é Adão, fala-se de um jardim virginal primordial, que se corresponde com um estado análogo original da consciência; estado ao qual o neófito pode aceder em virtude da primeira iniciação. O homem transcendente é representado por Enoch, arrebatado ao céu em um carro de fogo, que ainda está vivo e constitui o protótipo histórico de todos aqueles que realizaram o Conhecimento em si mesmos, ou seja, a transmutação alquímica em seu grau mais elevado. No cristianismo, esta diferenciação é a que há entre o João, o batista, e Jesus, e suas distintas funções, associadas igualmente com o religioso e com o metafísico; o primeiro batizava com água, o segundo com fogo.

 
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ANGEOLOGIA  II

 

Dizer anjo quer dizer imagem. A imaginação não deve entender-se aqui como a faculdade que produz o imaginário, o irreal, mas sim o ato pelo qual se faz real o mundo das Formas e Figuras. O mundus imaginalis se situa no tempo mítico da percepção visionária e revelação profética. Como diz o poeta e pintor do século XVIII, William Blake, "quem não pode imaginar de uma maneira mais real o que seu olho mortal pode ver, não imagina do todo".

O criador de imagens (nome que se dá ao devoto do islã), identifica-se com a luz interior dos seres e das coisas do mundo Natural, e com as idéias e arquétipos do mundo Ideal.

Esta imaginação ativa é uma faculdade do Intelecto ou órgão do Conhecimento, e conduz à Inteligência do Coração, objeto do Conhecimento interno direto.

Os arcanjos, como faculdades cognitivas que são, associam-se a estas funções. A imaginação ativa ao arcanjo Gabriel (anjo Espírito Santo) que no cristianismo é o anunciador da encarnação do Verbo; a inteligência do coração, ou intelecto puro, ao arcanjo Miguel (ou Christos-angelos), cujo nome significa "igual a Deus".

Na Árvore Sefirótica da Cabala, segundo algumas versões tradicionais, Miguel ocupa o centro (Tifereth); Gabriel o Fundamento (Yesod) e Metatrón o pólo ou a coroa (Kether). Este último é denominado o “YHVH menor” e é o arcanjo que aparece a Moisés no meio da sarça. Metatrón é a mesma palavra "que abre o reino supra-celestial"; é o espírito da visão que anuncia um Deus que virá; o que em termos gerais é válido para qualquer energia imaterial e luminosa, quer dizer, Angélica.


Os Anjos

fig. 38

 
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EXERCÍCIO PRÁTICO

 
Algo que se deseja recomendar é a leitura em voz alta como exercício fecundo para se carregar interiormente. Comece a ler com suma claridade e voz forte, e espaçadamente, qualquer parágrafo deste Programa. Faça-o entendendo perfeitamente o que lê e acompanhando com sua voz (e até com seu gesto) o texto. Se tiver em sua casa um gravador, permita-se utilizá-lo e registrar nele sua leitura. Não só ouvirá vibrar sua voz, mas também sentirá a aliviada e marcial sensação de estar novamente levantando âncora como um privilégio concedido a sua decisão responsável. Diga-se para si mesmo: “Voto a Hércules! Adiante com a navegação!” Além disso, você deve ter em conta que cumpre uma função, que esta longa efetivação de um processo interno, esta iniciação no Conhecimento por mediação da alquimia anímica e espiritual, que nosso Programa oferece, é parte de nosso destino individual. Uma alternativa que começa a se realizar em obras e se manifesta de acordo com a nossa capacidade, tanto de compreensão, quanto de expressão, para que possamos reconhecer em seus rastros o que é aquele Destino para o qual fomos chamados.
 
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MINUTA

 

Ser pobre, na verdade, é ter medo à pobreza, ou desejar possuir, qualquer sejam os meios com os quais contemos. Igualmente ser rico é não ambicionar o que não se tem; o que é o mesmo que estar de acordo –e não resignado– com o que se é, seja o que for ou possua o que possuir.

Realmente, quando mais se sabe, mais se esquece o aprendido. Deus é permanente novidade. A posse da psique pessoal é a expressão mais clara do engano de nos perceber de modo individual. Na deidade não há solidão nem medo.

 
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O HORÓSCOPO

 

O horóscopo nos permite determinar a posição dos planetas e das estrelas nos signos e casas zodiacais, em um dia e uma hora concretos. Costuma-se fazer o cálculo para observar os aspectos astrais no momento do nascimento de uma pessoa, em cujo caso se denomina “carta natal”; mas também se poderia realizar a partir de qualquer outro acontecimento, especialmente significativo, do qual queiramos saber suas influências celestes.

É necessário, para poder elaborá-lo, terem claros e precisos o dia e a hora que vamos analisar, e o lugar, do qual teremos que obter sua latitude e longitude; também possuir uma tabela de posições planetárias denominada “efemérides”; uma tabela de casas em que se possa ver a posição destas na latitude do lugar que se observa; e uma tabela de logaritmos. Estas pranchas podem ser adquiridas em livrarias especializadas.

A maioria das pranchas –especialmente nas que podemos conseguir hoje em dia no Ocidente– apóiam seus cálculos na hora de Greenwich e dão seus dados ao meio-dia; é necessário, pois, transpor os resultados à hora e lugar em questão.

Feitas estas observações, daremos uma idéia geral de como elaborar o horóscopo:

a) Trace com seu compasso um círculo e divida-o em doze segmentos de 30º cada um, tal como se mostra nos gráficos das páginas seguintes.
b) Obtenha a “hora sideral” do lugar e do momento que lhe interessam, seguindo as instruções que nas mesmas pranchas –ou em livros de Astrologia– poderá encontrar. Calcule o intervalo transcorrido entre no meio-dia anterior e a hora que investiga. Para a colocação dos planetas, que faremos em seguida, obtenha o logaritmo desse intervalo.
c) Abra sua “tabela de casas” na latitude correspondente e olhe a coluna “Tempo Sideral” em que se vêem horas, minutos e segundos. Procure nesta coluna o “tempo sideral” que lhe interessa, e ali poderá observar, nesse tempo, e na latitude em questão, as cúspides das 10ª, 11ª, 12ª, 1ª, 2ª e 3ª casas. Trace em seu diagrama os signos e os graus que lhe indica a tabela, e nos pontos opostos marque as cúspides das 4ª, 5ª, 6ª, 7ª, 8ª e 9ª casas, respectivamente.

Vejamos como traçar, caso a posição resultante fora, por exemplo, a seguinte:

Casa 10.ª 15° Libra Casa 4.ª 15° Áries
Casa 11.ª 20° Escorpião Casa 5.ª 20° Touro
Casa 12.ª 26° Sagitário Casa 6.ª 26° Gêmeos
Casa 1.ª 6° Capricórnio Casa 7.ª 26° Câncer
Casa 2.ª 18° Aquário Casa 8.ª 18° Leão
Casa 3.ª 14° Peixes Casa 9.ª 14° Virgem

Horóscopo 1

Ficam, desta forma, desenhados os signos zodiacais e as casas. A cúspide da 10ª casa é chamada meio do céu; a da 4ª casa, fundo do céu. A da 1ª é o signo ascendente e a da 7ª o descendente.

Vejamos agora como se inserem os planetas. Utilizaremos a tabela das “Efemérides” que nos dará a posição de cada planeta em Greenwich e ao meio-dia, e teremos que transpor ditas posições ao lugar e a hora que estamos observando. Para isso, será necessário obter o logaritmo dos graus e dos minutos em que se encontrava cada planeta no meio-dia anterior à hora que procuramos, conforme nos mostre a tabela, e adicionar em cada caso o logaritmo permanente que obtivemos do intervalo transcorrido entre o meio-dia anterior e a hora que se investiga. O logaritmo resultante da soma de ambos deverá, agora, converter-se em graus e minutos. Repetindo esta operação com cada um dos planetas, obter-se-ão suas posições exatas. Uma vez obtidas as posições dos planetas em graus e minutos, vejamos como se inserem no gráfico anterior, que já nos mostra a cúspide das casas e a posição dos signos zodiacais. Unicamente utilizaremos os graus, “arredondando” os minutos e segundos. Suponhamos que a posição dos planetas resulte a seguinte: 

Saturno: 0° Sagitário
Júpiter: 22° Leão
Marte 18° Aquário
Sol: 23° Touro
Vênus: 3° Câncer
Mercúrio: 9° Gêmeos
Lúa: 4° Câncer

Isto se insere no gráfico da seguinte maneira:

Horóscopo 2

Você já tem, em seu gráfico, os elementos necessários para começar a fazer os outros cálculos e interpretações. Para isso, deverá ter em conta os significados que demos dos signos zodiacais, das casas e dos planetas, assim como as influências de cada um deles conforme se encontrem em um ou outro dos signos e dos “aspectos” dos planetas entre si.

Pela natureza deste manual, vemos-nos obrigados a dar uma explicação esquemática e sintética da confecção do horóscopo, que obrigará o estudante a investigar sobre o manejo das pranchas que mencionamos e a exercitar-se, retificando, até obter o cálculo e a interpretação adequados. É este um trabalho que recomendamos, pois ao nos conectar com a harmonia e com o ritmo das energias celestes, e ao nos permitirem observar suas influências na terra, ajuda-nos a desempenhar o papel –que sempre se atribuiu ao homem verdadeiro– de intermediário entre o céu e o terrestre, e vice-versa.

 

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