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TARÔ

 
Tarô - A Imperatriz
III — A IMPERATRIZ: É a Sabedoria despojada de seus véus, que se vê aqui refletida a si mesma na Inteligência, a Virgem Rainha, cheia da Graça que será derramada a toda a criação. Representa o princípio feminino, passivo e receptivo, ao qual se pode ver como uma copa vazia, que é penetrada e fecundada pelo Espírito. É doadora de formas, e como toda mãe, ao dar a vida dá também a morte, unindo os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos. Ela é a Mãe Maior ou matriz universal da qual emanam todas as criaturas; e a Inteligência reveladora e criativa, capaz de discernir o verdadeiro e o falso. Sua beleza e harmonia se manifestam na Natureza. É a mulher sedutora e atraente e a esposa fiel e amante. Igual que a IIII, é uma carta exterior, relacionada com a graça e a beleza das formas, bem como com a nobreza e a autêntica "realeza".
AL DERECHO AL REVES
Inteligência - Energia criativa
Graça - Encanto
Firmeza - Responsabilidade
Boa disposição de ânimo
Formas - Elegância
Nobreza - Riqueza
Facilidade - Alegria
Poder de sedução
Atração
Falta de inteligência e de graça
Aparentar o que não se é
Vulgaridade - Grosseria - Capri-
chos - Afetação - Ridicularidade
Dificuldade de dar formas
Falta de nobreza - Mau gosto
Instabilidade - Exagero
Falsos brilhos e êxitos
Impontualidade - Improvisação 
 
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CABALA

 
Quando falamos do simbolismo da letra Iod, indicamos que ela era a primeira das quatro que compõem o Tetragramaton, ou Grande Nome de Deus, YHVH, que recordamos é impronunciável, pois expressa um grande mistério. Na continuidade, queremos propor um tema de meditação que se refere à identidade dessas letras com as dez sefiroth, e que com toda segurança ampliará nossos conhecimentos sobre o modelo da Árvore Cabalística. Segundo o Zohar, a Iod expressa a união indivisível e ontológica das duas primeiras sefiroth, Kether (a Coroa) e Hokhmah (a Sabedoria). A ponta ou vértice superior da Iod representa a Kether, a "raiz suprema", que se submerge e emana de En Sof, o Nada ilimitado e supra-essencial, idêntico ao Não-Ser e ao Deus Absconditus, do qual extrai toda sua realidade, pois recordaremos que Kether não é senão um ponto afirmado nessa infinitude. Desse vértice, de Kether, emana Hokhmah, também chamado o "Pai", simbolizado pelo resto da Iod, que se prolonga levemente para baixo, representando o próprio Ser dando origem à manifestação. Mas para que isso seja assim é necessário que Binah (a Inteligência), também chamada a "Mãe Suprema", ou princípio passivo de Kether, seja fecundada por Hokhmah, o princípio ativo, e essa fecundação é a que está expressando a segunda letra do Tetragramaton, a . A união desta com a Iod (Hokhmah) gera a terceira letra, a Vav, à que se denomina o "Filho". A forma desta letra, com seu braço inferior alongado para abaixo sugere perfeitamente a idéia de descenso dos princípios superiores no seio da manifestação propriamente dita, pois essa letra representa a síntese das seis sefiroth de construção cósmica, Hesed, Gueburah, Tifereth, Netsah, Hod e Yesod, as quais, como diz o Zohar, "transmitem a herança à Filha". Esta não é outra que a segunda , última letra do Tetragramaton, a qual simboliza a sefirah Malkhuth, o "Reino", recipiente de todas as emanações sefiróticas, às quais distribui em toda a ordem criada. A Cabala denomina a estas quatro letras de a "família divina", esclarecendo que toda ela conforma uma unidade, como a própria Árvore da Vida, ou a própria realidade do Cosmo, à qual aquela certamente simboliza.


Fludd - O Tetragramma

fig. 11

 
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O AMOR

 
A frase: "Deus é Amor", extraída do Evangelho de João, permite-nos entrever a elevada natureza desta energia, considerada por todas as tradições como um dos principais nomes ou atributos da Unidade (de Kether), identificando-se com ela, como o atesta o fato de que em hebraico a palavra Unidade (Ehad) e Amor (Ahabah) têm o mesmo valor numérico, o 13. Neste sentido, já o Mestre Eckhart afirmava: "Onde queira que esteja a alma é onde Deus opera sua obra. Esta operação é tão grande que não é outra coisa que Amor, mas o Amor não é outra coisa que Deus. Deus se ama a Si Mesmo, ama sua Natureza, sua Essência e sua Deidade. Mas no Amor com que Deus se ama a Si Mesmo, ama também a todas as criaturas, não enquanto criaturas, senão enquanto elas são Deus. No amor com que Deus se ama a Si Mesmo, ama ao mundo inteiro".

Por isso, do amor se diz que é a força de atração dos contrários ou opostos, o centro de união onde se conciliam as energias verticais e horizontais, ativas e passivas do cosmos e do homem, fazendo possível o equilíbrio e a verdadeira concórdia (ou "união dos corações") universal, por isso os antigos gregos vissem nele o filho de Afrodite e Hermes (tal como sua irmã, a deusa Harmonia), de onde nasce também o Hermafrodita, ou seja, o Rebis, que representa no ser humano a união perfeita e harmoniosa de sua natureza masculina e feminina, ativa e passiva, yang e yin. Efetivamente, é com o fogo do amor, e a sutil paixão que ele gera, que se leva a cabo a obra da transmutação alquímica, porque esse fogo é o próprio amor ao Conhecimento e à Sabedoria e, como dizia Leonardo da Vinci: "O Amor é filho do Conhecimento. O Amor é tanto mais elevado quanto o Conhecimento é mais verdadeiro". A este amor, expressão do amor divino, é ao que cantavam os trovadores medievais, e o que Dante vê personificado na figura de Beatriz (que simboliza a Sabedoria), e certamente é o que invoca Salomão no Cântico dos Cânticos, aonde trata precisamente das "bodas", "casamento", ou união da alma humana com o Espírito.

Por isso, os humanistas e mestres herméticos do Renascimento, que recolheram os ensinos de Platão e da mitologia órfica e greco-romana, falavam dos mistérios do Amor identificando-os com os mistérios da Morte, que são, afinal de contas, os mistérios da iniciação, e explicavam que morrer era ser amado por um deus, e vice-versa, que amar era morrer ou ser morto por um deus. Na realidade, trata-se de um sacrifício (de um "ato sagrado"), pois não há nascimento à realidade do Espírito, ou seja ao Conhecimento, sem que isto suponha uma morte ou superação das limitações próprias do humano. Os amantes da Sabedoria sabem que não podem casar com ela se não abandonam ou não deixam de se sentir condicionados pela Vênus Pandemos, ou seja, por seus desejos e amores terrenais, que são considerados como um reflexo invertido dos amores celestes procurados pela Vênus Urania. Pico de la Mirandola punha o exemplo do "esfolamento" sacrifical de Marsias como o modelo a seguir por esses amantes: "Se te juntas com cantores e harpistas, podes confiar em teus ouvidos, mas quando te acerques aos filósofos, deves apartar-te dos sentidos, deves voltar-te sobre ti mesmo, deves penetrar nas profundidades de tua alma e nos rincões de tua mente, deves adquirir os ouvidos de Tineo (refere-se a Apolônio de Tiana, filósofo pitagórico), com os quais, ao já não estar em seu corpo, não escutou ao Marsias terrenal senão ao celeste Apolo, quem com sua divina lira e com inefáveis modos, entoou as melodias da esferas".

 
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METAFÍSICA

 
O estudo dos textos de nosso Programa –e todos os símbolos e exercícios que utiliza– tende a conduzir-nos para o conhecimento e para a realização das possibilidades superiores do ser, às quais definimos como de ordem metafísica. E convém aqui fazer algumas observações a respeito do que entendemos por metafísica, ainda que devamos advertir sobre as dificuldades de expressar algo referente a um domínio que foi sempre considerado como inexprimível, e a impossibilidade de definir aquilo que essencialmente é indefinível.

Demos-lhe à palavra "metafísica" a conotação etimológica de "além da física" e cremos que é a mais clara, se entendermos, como os antigos, que a física é a ciência que estuda os fenômenos da natureza, em toda a extensão deste termo, e que o que concerne ao conhecimento metafísico é sobrenatural, e ao mesmo tempo supra-humano e supra-cósmico, pois transpassa o sensível e transcende o mundo da manifestação.

Para atingir o metafísico não podemos utilizar os métodos da filosofia e das ciências profanas, que são racionais, discursivos e indiretos, e totalmente insuficientes, senão que temos de apelar a um conhecimento direto e supra-racional, ao qual só se chega pela intuição mais pura. Os símbolos e as palavras que utilizamos são suportes mágicos nos quais bem podemos nos apoiar para elevar nosso pensamento às esferas mais sutis do ser; mas o metafísico –diz-nos a doutrina– encontra-se além de todas as formas e contingências, e ainda além do Ser, pois pertence ao domínio do Não Ser.

Enquanto o intelecto individual, limitado pelos sentidos, pelo corpóreo e pelo transitório, acha-se encerrado em seus próprios limites, o intelecto transcendente e universal conhece diretamente os princípios imutáveis e eternos. O homem pode atingir este domínio do metafísico, mas não enquanto ser individual e transitório, senão enquanto que participa desta inteligência superior e está unido a ela por uma tomada de consciência de suas verdadeiras possibilidades espirituais, que são mais do que humanas. Nossa realidade individual mal é uma manifestação momentânea do ser verdadeiro, um de seus múltiplos estados, e o conhecimento metafísico transcende ao próprio homem, e ainda ao cosmos, pois é absolutamente ilimitado. É óbvio que não nos estamos referindo a um conhecimento ordinário e profano senão a uma experiência de outra ordem, que transcende tudo o que possa ser imaginado. Enquanto os estados particulares do ser têm uma manifestação espaço-temporal, o próprio ser, em seu princípio metafísico, é eterno, e desde a eternidade todos esses estados são agora, simultaneamente.

É importante assinalar que com isto não estamos negando o físico, nem as possibilidades individuais do ser. Só queremos recalcar que o metafísico é de ordem superior, e que o físico se encontra incluído nele.

A verdade metafísica é eterna e única, e sempre tem seres que a conhecem, pois participam plenamente desse estado de Libertação e União.

 
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TARÔ

 
Tarô - O Imperador
IIII — O IMPERADOR: A IIII representa um rei, em tempo de paz, que legisla e governa seu povo com firmeza e amor. Com suas pernas realiza o sinal da cruz, o quaternário que serve de fundamento às leis do tempo e do espaço. É símbolo das estruturas sociais, familiares e de governo, às quais serve de centro, ordenando-as e harmonizando-as. Como arquiteto, desenha os planos construtivos de seu império, que se levanta e acrescenta sob sua autoridade. Em nosso interior é aquela energia que nos governa e controla, ordena nossas idéias, disciplina as ações, e nos ensina a cumprir uma missão. Simboliza também a paternidade: o bom pai que corrige e educa seus filhos unificando o rigor e o amor. As cartas III e IIII são opostas e complementares, o que se observa na posição do cetro e do escudo, símbolos de comando, domínio e poder.
DIREITA INVERTIDA
Autoridade - Força
Poder - Domínio
Governo - Direito - Lei
Dotes - Missão
Arquitetura - Construção
Vontade - Disciplina
Paternidade
Flexibilidade
Paz - Visão
Tirania - Absolutismo - Despotismo
Arbitrariedade -
Usurpação
de poder - Falta de direito
Materialismo - Horizontalidade
Desordem - Falta de caráter
Debilidade - Severidade excessiva
Militarismo - Literalidade
Falta de domínio
Obstáculo formidável
 
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GEOGRAFIA SAGRADA

 
Para a Tradição, a geografia, tal qual a história, é considerada como uma ciência sagrada, em contraposição ao que sob este mesmo nome estuda a ciência contemporânea, que ignora que a Terra é um ser vivo que respira e sente, e que possui, além de um corpo, uma alma e um espírito. A este respeito, recordaremos o que nos ensina a Alquimia quando fala da geração e transmutação dos metais e pedras no interior da Terra, interior que é considerado como a matriz da Mater Genitrix, receptáculo das energias verticais e numinosas expressadas através dos ritmos e ciclos cósmicos. Por isso a geografia se complementa com a cosmografía, ramo anexo à ciência astrológica, e pela qual é possível conhecer com exatidão o aspecto que o Céu apresenta em cada momento, bem como as revoluções dos planetas e as constelações estelares e zodiacais. Muitas vezes a própria toponímia revela as analogias e correspondências que existem entre a ordem terrestre e a celeste. Tal é o caso, por exemplo, da cidade de Santiago de Compostela, palavra esta que precisamente quer dizer "campo de estrelas". O próprio traçado do Caminho de Santiago se considera como uma projeção terrestre da Via Láctea, querendo se indicar com isso a origem celeste desse caminho. Igualmente a forma em que estão dispostos alguns acidentes topográficos –como rios, montanhas, pedras, cavernas, vales, inclusive países e ilhas– descrevem em sua configuração, e graças às harmonias sutis, certas constelações e até o zodíaco inteiro, como o que se encontra desenhado sobre a paisagem de Glastonbury, na comarca inglesa de Somerset.

Por outro lado, as grandes mudanças cíclicas do universo incidem profundamente na forma que foi apresentando em sucessivas etapas a superfície terrestre, que nem sempre teve a mesma configuração. Em certo sentido, as chamadas eras geológicas se correspondem, no espaço, ao que são as eras cósmicas no tempo, ou seja às divisões cíclicas (a mais importante das quais é a precessão dos equinócios, ou sua metade) de que se compõe uma era completa do mundo e da humanidade, o que na tradição indiana se denomina um Manvántara. O deslocamento ou inclinação do eixo terrestre (que na época primordial era o mesmo que o do céu) supôs o passo de um período cíclico a outro, sendo esta a origem de grandes mudanças geológicas, bem como da aparição das estações. Obedecendo a essas leis, continentes inteiros desapareceram (como é o caso famoso da Atlântida, da qual Platão fala no Crítias), surgindo outros. Assim mesmo, os antigos mapas cartográficos não descreviam, como os atuais, só o aspecto físico da Terra, que desde o ponto de vista tradicional é secundário, senão que, antes de mais nada, estavam expressando uma visão simbólica e mítica da geografia, e por conseguinte representavam uma fonte de ensino tradicional.

Neste sentido, o estudo e conhecimento da Geomancia (que os antigos chineses conheceram sob o nome de feng shui, "água-ar", pois se consideravam a estes dois agentes naturais como os principais modificadores da paisagem) dá-nos a chave para compreender a verdadeira natureza, ao mesmo tempo mágica e metafísica, do espaço terrestre. Existem lugares que são mágicos porque neles, misteriosamente, manifesta-se o eixo invisível do mundo que comunica o sensível ao suprasensível, conjugando num todo harmonioso as potências telúricas e cósmicas. Estes lugares se convertiam em espaços sagrados ou "terras santas", onde se localizavam as cidades e se erigiam os altares e os templos, orientados segundo determinados pontos cardeais, especialmente o Leste e o Norte. Adicionaremos que os pontos cardeais são regiões simbólicas onde residem entidades e atributos divinos que consagram com suas influências a totalidade do mundo terrestre.

 
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A ASTROLOGIA E AS DEIDADES

 

Para a Ciência Sagrada os planetas são os aspectos visíveis e os símbolos das entidades numinosas ou deuses, os quais com seu hálito vital lhes animam e dão movimento. Precisamente no esoterismo judaico-cristão e islâmico se menciona aos anjos como os verdadeiros regentes das esferas planetárias. Recordemos que os deuses planetários são ciclos cósmicos que englobam a outros mais reduzidos como os do homem, aos quais selam com suas influências. Assim, o que os relatos mitológicos, lendas e teogonias expressam como lutas, oposições, coincidências e amores entre as diferentes forças divinas, não são senão o alternar-se de uns ciclos em outros, que ao se relacionarem com os ritmos zodiacais incidem de maneira notória no plano horizontal do mundo terrestre, desdobrando-se no espetáculo multiforme da vida. Igualmente, e desde o ponto de vista da Ciência Sagrada, estas vinculações entre as deidades configuram um mistério (recordemos que a palavra "mistério" tem a mesma raiz que a palavra "mito"), ou seja, revelam um modo de ser arquetípico e uma determinada qualidade da alma universal, e igualmente da humana.

Da união ou conjugação das energias de Vênus, deusa do amor e da feminilidade transcendente, e de Marte, deus da guerra e da virilidade espiritual, nasce uma filha que é chamada Harmonia pois, no dizer dos filósofos antigos, quando os opostos se unem com a exata e devida proporção, surge deles uma maravilhosa consonância que mantém num tenso equilíbrio a ordem dos seres e das coisas. Ou, como diz Platão, a Harmonia trata de atar e tecer juntos aos que por natureza são opostos e contrários. Do casal de Zeus-Júpiter, deus do raio iluminador e onipotente pai dos deuses, com Maya, que personifica a substância plástica e geradora do cosmos, nasce Hermes-Mercúrio que, como sabemos, representa o númen que comunica o celeste ao terrestre, o divino ao humano, e vice-versa. Por sua vez, Hermes-Mercúrio, ao "copular" com Vênus, procria e gera ao Hermafrodita ou Rebis alquímico que, como seu próprio nome indica, reúne a Sabedoria e o Conhecimento teúrgico de Hermes com a Beleza e o Amor da filha do céu, Afrodita, a Vênus Urania. É esta uma união que promove esse amor ao Conhecimento tão necessário para a realização espiritual.

Quando Saturno-Cronos, o Rei da Idade de Ouro e Antigo Primordial, com a sábia e profunda maturidade que o caracteriza, relaciona-se com o impulso e a rapidez de inteligência do jovem Mercúrio, origina-se uma das combinações mais celebradas pelos mestres herméticos do Renascimento, que se sintetizou numa frase célebre: "Faz lentamente o urgente", aludindo com isso à prudência que tem reger em todos os atos e pensamentos do alquimista, do qual também se disse que é um puer senex, ou seja, um "menino-velho".

As idéias, chegadas a seu ponto máximo de maturação, são liberadas graças à intervenção do mistagogo1 e iniciador Mercúrio, pois através de seu conduto se expressam ao exterior. O deus Zeus, tem uma direta influência sobre suas filhas as Musas (nascidas de sua união com Mnemósine, a Memória) relacionando-se freqüentemente com as demais deidades e com os homens por intermédio delas. Cada deus possui sua Musa e cada Musa inspira ao homem o conhecimento de uma ciência e de uma arte sagradas. Deus do fogo e da luz sobrenatural, Apolo, que dirige seu coro, preside o rito fundamental do sacrifício da alma humana, que é irresistivelmente arrebatada a sua morada celeste quando "escuta" os maravilhosos acordes e harmonias que extrai de sua divina lira, presente de Hermes, liberando-se assim dos laços que a mantêm unida à sua condição terrestre.

Astrologia
fig. 12

1
N.T. Mistagogo - (Do lat. mystagōgus, e este do gr. μυσταγωγός): 1. m. Sacerdote da gentilidade greco-romana, que iniciava nos mistérios. 2. m. p. us. Catequista que explicava os mistérios sagrados, especialmente os Santos Sacramentos.
 
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APRENDER A LER:

 

Uma das coisas mais importantes em nossas disciplinas é a de aprender novamente a ler. Essa nova leitura dos textos, símbolo de outra apreciação da vida e das coisas, inclui uma atitude diferente com respeito ao que se lê. As leituras com as quais se nutre o neófito, textos teúrgicos e iniciáticos, exigem uma adequação especial para que atuem verdadeiramente. Na prática podemos distinguir uma leitura profana e superficial, de outra profunda e sagrada. Estudar um texto não é só aprendê-lo de modo literal, ou de "memória". Também não é passar sobre ele sem o compreender. Singelamente se trata de apreender.

a) Estamos acostumados a "consumir" o que lemos. Devemos nos fixar atenciosamente no que lemos. Têm-se de separar netamente os estudos metafísicos (às vezes um pouco complicados ou fastidiosos) da simples leitura à qual habitualmente estamos acostumados. Esta nova leitura que lhe indicamos é também um rito, uma ruptura de nível e a criação de um novo mundo de símbolos e conceitos com o conseqüente abandono do espaço e do tempo de sua situação anterior. Tome-se o tempo necessário e volte sobre o lido. Faça um esforço igualmente para gravar um arquivo de imagens.

b) Acostume-se também a ler as entrelinhas. Recorde que cada texto tem uns três, quando não quatro, níveis de leitura.

Movimento l: Deixe-se levar totalmente pela leitura até se introduzir no mundo que se lhe oferece. Movimento de abertura. Dissolução-expansão.

Movimento 2: Medite sobre o lido. Extraia –ou trate de fazê-lo– o sentido último do que se expressa. Movimento de coagulação-concentração.

Movimento 3: Estabeleça relações.

 

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