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TARÔ

 
Tarô - O Mago
I — O MAGO: É a primeira carta do Tarô; simboliza o Homem Verdadeiro cuja missão é conseguir a união do espírito e da matéria. Com sua mão esquerda sustenta uma varinha mágica que aponta para o céu, e com a direita uma moeda de ouro, símbolo da terra, na qual seus pés se encontram bem plantados. A inversão das cores azul e vermelha de suas roupas assinala o equilíbrio dos opostos; e este personagem empreende a obra alquímica trabalhando com 3 princípios e 4 elementos (simbolizados nas 3 pernas e nos 4 ângulos da mesa) para o qual se mantém permanente-mente alerta. Para ele, sempre, hoje é o primeiro e o último dia da criação, à qual se soma, cooperando com o Criador. O sentido mais elevado da carta é determinado pelo seu número, que indica o motor imóvel, o Princípio de todas as coisas; ainda que seu chapéu em forma de “oito deitado” [N.T.: lemniscata] seja o signo do movimento contínuo.
DIREITA INVERTIDA
Princípio – Começo
Sutileza - Maleabilidade
Inteligência desperta - Rapidez
Despertar da consciência
Vigília - Estado de alerta
Movimento - Atividade - Brilho
Espontaneidade - Habilidade
Boas empresas - Agilidade
Inércia - Quietude – Passividade
Imobilidade - Auto-engano
Ausência de interesse - Torpeza
Falta de atenção - Divagação
Preguiça - Negligência - Inconveniência
Charlatanice - Brutalidade
Estelionatário - Enganador - Sonho
Politicagem - Irresponsabilidade
 
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A CIDADE CELESTE  I

 

À mentalidade moderna resulta virtualmente impossível conceber a idéia de uma Cidade celeste, em contraste com a mentalidade, plenamente sacralizada, dos povos antigos e tradicionais, que não só creditavam sua existência, mas também além disso viam nela a origem de sua cultura e civilização, como muito bem o explicam as crônicas e textos sagrados que nos legaram, nos quais se diz que dita cidade é a morada onde habitam os deuses e os antepassados míticos, o que expressa deste modo a idéia de uma genealogia espiritual, Por isso os nomes de "Terra dos Vivos", ou "Terra dos Imortais" ou "Terra dos Bem-aventurados", como também se designa à Cidade do Céu. Recordemos, neste sentido, que as cidades tradicionais, sempre se construíram conforme ao modelo dessa Cidade mítica, quer dizer, como a projeção no tempo e no espaço do mundo das Idéias e dos Arquétipos, como é o caso de Teotihuacan (a "Cidade dos Deuses") dos antigos toltecas mexicanos, ou de Jerusalém, chamada a "Cidade da Paz", que representa a Jerusalém celeste descrita pelo profeta Ezequiel e posteriormente por João no livro do Apocalipse. O Ming-tang chinês, cujo nome significa "Templo da Luz", reproduz igualmente a estrutura arquetípica da Cidade celeste, denominada na tradição extremo-oriental a "Cidade dos Salgueiros", habitada pelos "Imortais".

Em geral, essa estrutura está presente em todos os centros espirituais destinados a serem símbolos da manifestação do Céu na Terra, e portanto da conjugação e íntima união entre ambos, até tal ponto que não existe diferença alguma que os separe. Convém recordar também que muitas vezes era um país ou região inteira a que se considerava a imagem mesma do Céu, como é o caso da antiga China, chamada precisamente de "Celeste Império", ou o Egito faraônico, que era assimilado a um coração, símbolo também do Céu, como nos diz Plutarco em seu livro Ísis e Osiris: "Os egípcios figuram o Céu, que não pode envelhecer porque é eterno, por um coração", e o mesmo afirma Hermes Trismegisto no Corpus Hermeticum: "Ignora, Oh, você, Asclépio, que o Egito é a imagem do Céu e a projeção neste mundo de todo o ordenamento das coisas celestes? Para falar a verdade, nossa terra é o templo do mundo inteiro".

 
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A CIDADE CELESTE  II

 

Também é importante advertir que a fundação das cidades, com seus templos e santuários, era um símbolo que expressava a constituição ou consolidação de uma doutrina tradicional, convertendo-se assim a cidade terrestre na própria expressão dos princípios cosmogônicos e metafísicos revelados por tal doutrina, pois esta sempre foi considerada como a emanação direta da Doutrina do céu, que não é outra que a própria Sabedoria Perene, Lei Eterna, ou Sanatana Dharma, contida na Tradição Primitiva, ou o que é o mesmo, no Centro Supremo. Este, embora em um princípio era acessível a todos os homens, tornou-se, por razões de ordem cíclica, oculto e inacessível para a grande maioria, Por isso que seja através da compreensão do sentido profundo e essencial do Ensino como se pode realmente estabelecer a comunicação com tal Centro, quer dizer, quando a "intenção" e a vontade de todo o ser se oriente para o Conhecimento, e se identifique e seja um com ele, promovendo assim uma verdadeira transformação interior casada com a realização de todas as possibilidades contidas no estado humano, à luz de cuja plenitude todas as coisas aparecem reintegradas na Unidade do Si mesmo, o qual está em relação com a frase evangélica: "Procurem e encontrarão, peçam e serão saciados, chamem e se lhes abrirá". A essa transformação (precedida por numerosas mortes e nascimentos) refere-se a expressão hermética que sintetiza a consumação da Grande Obra: "espiritualizar os corpos e corporificar os espíritos", ou "espiritualizar a matéria e materializar o espírito", como se diz nas primeiras páginas deste Programa.

O centro do estado humano está representado precisamente pelo coração, onde, efetivamente, todas as tradições situam a morada simbólica da Cidade celeste, ou Cidade divina (em sânscrito Brahma-pura), que é o Reino dos céus (identificado com a Cristianópolis ou o Templo do Santo Espírito, "que está em todas partes", do hermetismo Rosa-Cruz), do que se diz que não virá ostensivamente, "Nem poderá dizer-se: hei-lo ali, hei-lo aqui, porque o Reino de Deus está dentro de vós", Lucas, XVII, 21. É também a Jerusalém Celeste como dissemos, cujo advento supõe a abolição da condição temporária, e portanto a restauração do estado primitivo e do sentido da eternidade ou "presente eterno". Em conseqüência, poderia então se afirmar que a Cidade celeste é a possibilidade permanente de viver a realidade em si mesmo, sem reflexos duais, como foi, é e será sempre, constituindo o ponto de referência vertical que dá sentido e plenitude à totalidade de nossa existência, que se reconhece no universal, conduzindo-nos da periferia ao centro através do Eixo que comunica a Terra com a Pátria celeste, que é nossa origem e destino final: "Eis aqui o Tabernáculo de Deus entre os homens, e erigirá seu Tabernáculo entre eles, e eles serão seu povo e o mesmo Deus será com eles", Apocalipse, XXI, 3-4.

 
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O COMPASSO E O ESQUADRO

 

Ao falar da Arquitetura (Módulo I, N.º 73) indicamos a importância que tem a forma do cosmo físico como modelo no qual se inspiravam os antigos construtores para a edificação dos recintos sagrados e das moradias humanas. E entre os principais instrumentos utilizados para tal fim destacamos o compasso e o esquadro. Ambos são os símbolos respectivos do Céu e da Terra, e assim os contempla em diversas tradições, ou mais precisamente, iniciações, como o Hermetismo, a Maçonaria e o Taoísmo. O círculo ao qual desenha o compasso, ou seu substituto a corda, simboliza o Céu, porque este efetivamente tem forma circular ou abobadada, qualquer que seja o lugar terrestre de onde o observe. Por sua vez, o quadrado (ou retângulo), que traça o esquadro, simboliza a Terra, quadratura que lhe vem dada, entre outras coisas, pela "fixação" no espaço terrestre dos quatro pontos cardeais assinalados pelo sol em seu percurso diário. Além disso, a Terra sempre foi considerada como o símbolo da estabilidade, e a figura geométrica que melhor lhe corresponde é precisamente o quadrado, ou o cubo na tridimensionalidade.

Para a Ciência Sagrada, o compasso designa a primeira ação ordenadora do Espírito no seio da Matéria caótica e amorfa do Mundo, estabelecendo assim os limites arquetípicos deste, quer dizer, criando um espaço "vazio", apto para ser fecundado pelo Verbo Iluminador ou Fiat Lux. Na Gênese bíblica, a separação das "Águas Superioras" (os Céus) das "Águas Inferiores" (a Terra) deu nascimento ao cosmo, cuja primeira expressão foi a criação do Paraíso, que como se sabe tinha forma circular. A este respeito se diz nos textos hindus: "Com seu raio (rádio) mediu os limites do Céu e da Terra", e nos Provérbios de Salomão, pela voz da Sabedoria se diz: "quando (o Senhor) riscou um círculo sobre a face do abismo...". Igualmente em um quadro do pintor e poeta inglês William Blake, vê-se o "Ancião dos Dias" (o Arquiteto do Mundo) com um compasso na mão desenhando um círculo.


O compasso é pois um instrumento que serve para determinar a figura mais perfeita de todas, imagem sensível da Realidade Celeste, que é precisamente o que está simbolizando a cúpula ou abóbada do Templo. O compasso é o emblema da Inteligência divina, do "Olho de Deus" que reside simbolicamente no interior do coração do homem, a luz do intelecto superior que dissipa as trevas da ignorância e nos permite acessar o interior do sagrado. Por isso mesmo, o conhecimento da "ciência do compasso" implica uma penetração nos arcanos mais secretos e profundos do Ser. Entretanto, o conhecimento plenamente efetivo desses mistérios seria tal a culminação, se assim pode se dizer, do próprio processo da Iniciação.

Mas no momento de pôr "mãos à obra", a casa não se começa pelo telhado. O trabalho começa por baixo, em definitivo pelos alicerces, pelo conhecimento das coisas terrestres e humanas. Aqui entra em função a "ciência do esquadro", tão necessária para riscar com ordem e juízo os planos de base do edifício e seu posterior levantamento, dando-lhe a estabilidade e comprovando o perfeito talhado das pedras que servirão de suporte e fundamento à abóbada, teto ou parte superior.

No trabalho interno é imprescindível, para que este siga um processo regular e ordenado, "enquadrar" todos nossos atos e pensamentos na via assinalada pela Tradição e pelo Ensino, separando o sutil do grosseiro. É isto precisamente o que assinala o Tao-Te-King: "Graças a um conhecimento convenientemente enquadrado, caminhamos sem dificuldades pela grande Via". Recordaremos, neste sentido, que em latim esquadro também se diz "norma", que é também uma das traduções da palavra sânscrita dharma, a Lei ou Norma Universal pela que são regidos todos os seres e o conjunto da manifestação cósmica. Poderíamos então dizer que o esquadro é o compasso terrestre, posto que não é mais que a aplicação na terra e no humano dos princípios e idéias simbolizados pelo compasso.

Por outro lado, esta união do círculo celeste e do quadrado (ou cruz) terrestre, está em relação com o enigma hermético da "quadratura do círculo" e a "circulatura do quadrante", que sintetiza os mistérios completos da cosmogonia. Efetivamente, na "ciência do compasso" e na "ciência do esquadro" estão contidos a totalidade dos "pequenos mistérios", cujo percurso é, em primeiro lugar, horizontal (terrestre), e posteriormente vertical (celeste). Com tudo isto, queremos indicar que na realidade existe uma aplicação filosófica da Geometria, que poderíamos denominar a "Geometria Filosofal", que era perfeitamente conhecida pelos construtores medievais, os companheiros e maçons operativos, como por todos aqueles que se dedicaram à Arquitetura ou ordem do cosmo como meio de elevar-se ao conhecimento do que o ponto primitivo simboliza. Sem fatuidade, Platão fez pôr sobre o frontispício de sua escola: "Que ninguém entre aqui se não for geômetra", indicando assim que seus ensinos só podiam ser compreendidos por quem conhecia o aspecto qualitativo e esotérico da geometria.

Desde outro ponto de vista, o trabalho com o compasso e com o esquadro sintetiza igualmente todo o processo alquímico da consciência, do que a edificação e construção não são mais que símbolos. Por isso que em alguns emblemas hermético-alquímicos se vê o Rebis, ou Andrógino primitivo, sustentando em suas mãos o compasso e o esquadro, quer dizer, reunindo na natureza humana as virtudes e qualidades do Céu e da Terra, harmonizando-as em uma unidade indissolúvel.


O compasso e o esquadro
fig. 10

 
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CABALA

 

Já sabemos que as letras hebraicas, como as de qualquer língua sagrada, são simbólicas, e como tal temos que as considerar em nossos estudos e meditações. Efetivamente, tais letras têm uma forma ideogramática, quer dizer que expressam idéias e princípios, intimamente relacionados com os números e as figuras geométricas. Ao mesmo tempo, essas letras são sons invertebrados de um Verbo único, as quais em suas múltiplas combinações geram a totalidade da linguagem, ou seja, do que pode ser expresso, pois o inexprimível pertence ao puramente metafísico e imanifestado.

Este é o caso da letra Iod (ou Yod), que constitui a primeira do Tetragramaton, YHVH, o Nome Divino inefável. Essa primazia está indicada por sua própria pequenez, que evoca um ponto, ou um germe, simbolizando assim a essência indivisível, oculta e secreta da divindade. Esta última a põe em relação direta com o centro geométrico e, é obvio, com a unidade aritmética, símbolos também do Princípio imanifestado. Do mesmo modo, temos que o valor numérico da Iod é dez, o qual expressa a totalidade dos aspectos criados, simbolizados pelas dez sefiroth e pelos dez dedos das mãos, totalidade que está compreendida dentro da própria unidade, pois 10 = 1 + 0 = 1. Por outro lado se diz que a letra Alef (que é a primeira do alfabeto), está composta de quatro Iod, estando então relacionada com o número 40, que por sua vez se reduz de novo à unidade, pois 40 = 4 + 0 = 4, e 4 = 1 + 2 + 3 + 4 = 10 = 1 + 0 = 1. Tudo isto mostra as vinculações que existem entre o denário e o quaternário, o primeiro simbolizando o desenvolvimento completo da manifestação, enquanto que o segundo expressa o vínculo que une essa manifestação a seu princípio, e vice-versa. Isto é o que justamente simboliza a cruz inscrita na circunferência. Esta mesma figura representa também os quatro rios do Pardés (ou Paraíso), que emanam do centro da Árvore da Vida, distribuindo a unidade a todos os limites da criação.

Por outro lado, é indubitável a importância que o número 40 tem na Cabala, pois representa as dez sefiroth nos quatro planos do Árvore. Mas também, tal número está relacionado com os quarenta anos que passou Moisés no deserto antes de que o povo do Israel penetrasse na terra prometida. Número que é também o de um ciclo simbólico atemporal pois, estando todos os planos de existência unidos entre si, também têm uma expressão cronológica. Por último, assinalar que para os antigos cabalistas o homem começava a compreender os mistérios a partir dos quarenta anos, idade que indica a maturidade necessária para compreender as mais profundas e secretas verdades.

 
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NOTA:

 
Ainda que pese o processo de dessacralização do mundo moderno, a força do mito segue presente. Como já se indicou, uma prova disso são os diferentes folclores, lendas e contos que sobrevivem na alma popular, e que conservam o rastro dos mitos e símbolos sagrados e iniciáticos, embora é certo que com freqüência estes apareçam degradados e com fortes doses de superstição. Porém, também é verdade, que se não fora por essa sobrevivência, ser-nos-ia virtualmente impossível ter conhecimento algum de muitos desses mitos e símbolos, pois se teriam perdido para sempre. No simbolismo astrológico, esta memória se vincula à esfera da Lua –e a sefirah Yesod–, que na estrutura sutil do cosmo cumpre uma função conservadora e receptora onde estão "depositados", em estado latente e potencial, os "gérmens" sutis do ser individual. Uma vez despertadas as possibilidades superiores contidas nesses germens, seguirá um desenvolvimento gradual e ordenado cuja plenitude coincidirá com o nascimento de um homem novo e completamente regenerado, o que equivale ao renascimento espiritual.
Que o homem não pode prescindir dos mitos, pode-se ver hoje em dia na grande quantidade de “comics”, novelas e filmes, aonde as histórias de heróis justiceiros que lutam contra ladrões e assassinos estão perpetuando o combate das potências luminosas contra as das trevas. O mesmo se pode dizer do mito do amor (união dos princípios aparentemente antagônicos, mas complementares, simbolizados pelo homem e a mulher) que é possivelmente o que com mais força se perpetuou e o que nutre a maior parte dos filmes e canções modernas populares. E isto é claro indício de que a energia da deusa do Amor e da Beleza, Vênus, não se extinguiu, mas sim continua plenamente vigente e cheia de vitalidade na alma dos homens, como não poderia deixar de ser, já que se trata de uma energia imortal.
 
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TARÔ

 
Tarô - A Sacerdotisa
II — A SACERDOTISA: É a Sabedoria oculta detrás dos véus das aparências. Sentada como eixo central entre as duas colunas do Templo, desentranha as profundi-dades das coisas graças à intuição superior e ao intelecto puro, que são os olhos com os quais lê no Livro da Vida. Ela nos ensina a olhar no interior de nós mesmos, a guardar silêncio quando se faz necessário calar, a penetrar as formas procurando sempre a essência dos seres, e a conhecer a Fé. Não as crenças dogmáticas que só se impõem aos cegos, mas sim, melhor, aquela certeza que conhece quem tenha sido tocado pela experiência espiritual, e que se guarda em segredo como um precioso tesouro. É a “Ísis com Véu” dos egípcios, que se encontra coroada como rainha misteriosa, cujo coração só pode abrir a chave do Conhecimento, ao que chegaremos através do olhar interno que propicia o trabalho iniciático.
DIREITA INVERTIDA
Sabedoria – Intuição
Conhecimento - Intelecto puro
Interioridade - O invisível, esotérico
e secreto - Oração - Concentração
Silêncio - Excelente aptidão
Campo fértil – Recolhimento
O oculto, misterioso – Meditação
Receptividade - Olhar interno
Autoconhecimento
Ignorância - Cegueira – Idéias
fixas - Obscuridão – Egoísmo
Miopia - Fixação - Obsessão
Obcecação - Pessoa ou coisa
fechada - Rigidez - Cabeça
dura - Surdez - Estupidez
Obstinação - Constipação
Infertilidade - Egocentrismo
Teimosia
 
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MITOLOGIA

 
Os diversos significados dos mitos –assim como os dos símbolos– não se contradizem, embora se sobreponham, ou dito de outro modo: estes significados são multifacetados e se referem tanto a distintos planos da realidade como a diferentes aspectos de sua manifestação. O fato é que um grau ou tipo de leitura do mito (ou do símbolo) não tem porque necessariamente excluir a qualquer outro, senão que estes sentidos se complementam, pois muitas vezes se referem a aspectos da realidade que coexistem nela intrinsecamente.
O homem moderno está acostumado a proceder em forma absolutamente binária, ou seja, por “sim” ou por “não” (geralmente pelo "bom" –sempre diferente e mutável–, o que leva a negar o "mal" implícito em qualquer manifestação), razão que caracteriza a sua educação lógico-formal, que nos séculos XVII e XVIII desemboca necessariamente no racionalismo. É o produto de sua programação histórica, e com estes parâmetros acredita que está perfeitamente capacitado para julgar e valorar tudo, sem compreender que é uma vítima de seu baixo condicionamento, cuja ilusória ciência se atreve a interpretar culturas e pensamentos que não só não foram cunhados sob essas simplistas e ingênuas perspectivas, senão que, pelo contrário, esses mesmos pensadores e culturas se encarregaram de advertir os riscos de tais atitudes desde os começos de sua formulação, posto que os enganos da sociedade moderna já estão expressos em forma embrionária nos gérmens da Grécia clássica, ou dito de outra maneira, nos alicerces de todo organismo vivo (tal qual uma civilização), que em virtude de seu crescimento múltiplo cada vez se encontra mais afastado de seu estado original, levando em si implícitos os elementos dissolventes que o precipitarão a sua degradação e morte final. Por isso a errônea simplificação de positivo ou negativo (bom ou mau) excluindo sempre um em benefício do outro, não é outra coisa que um engano, já que as qualificações de que se trata são válidas só de um ponto de vista –ignorando o contrário– e estão sujeitas à relatividade do tempo (o mau de hoje é o bom de ontem, o que hoje pudesse considerar-se bom, o mau de tempos passados, etc.).
O mito, em sua ambivalência, esclarece esta ignorância da que tanto se vangloriam a maior parte de nossos contemporâneos que tratam de ser "bons", ou ainda de maneira mais degenerada, "maus", sem compreender que no conjunto das coisas do cosmo estas valorações arbitrárias estão sujeitas às determinações individuais de seus próprios egos, cuja conveniência interessada, seja social ou pessoal, é o produto de seus desejos, que os sacodem em todas direções.
É este tipo de atitude, ou seja: o desconhecimento das leis da cosmogonia –a qual os mitos se referem em primeiro lugar–, o que lhes leva a desprezar o mito, a vivê-lo como fábulas ou fantasias, ou tentar sua classificação mnemônica e erudita, ou no melhor dos casos a interpretá-lo com um achatamento e mediocridade digna do pensamento da sociedade em que vivem.
 
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CABALA

 

A Cabala pode agrupar-se em duas grandes divisões. A primeira é a Cabala do Bereshit –originada na letra Beth, com a que começa a criação–, e a outra é a Cabala do Merkabah, ou a Cabala do Carro, relacionada com a Triunidade das sefiroth supremas. A primeira se refere à Cosmogonia, e a podemos vincular com as figuras geométricas do quadrado e do círculo, terra e céu respectivamente, e também com a horizontalidade e a verticalidade. Por certo, é com a Cabala do Bereshit com a qual você se liga por intermédio da Agartha. Há cabalistas que vinculam diretamente os vinte e dois Arcanos Maiores do Tarô com as vinte e duas letras do alfabeto sagrado, fazendo corresponder à carta l, O Mago, com a letra Alef, e em sucessão as que seguem. Não todos os hermetistas procedem exatamente da mesma maneira na questão das equivalências, e isto pode dar lugar a distintos diagramas sefiróticos em que os atalhos fiquem assinalados por cartas do Tarô distintas. A seguir damos uma versão, com o fim de que o leitor possa seguir tecendo relações e equivalências.

 
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EXERCÍCIOS DE PACIÊNCIA:
 

A paciência, o aprender a esperar, é ativar a potência da energia passiva que jaz em nós. A paciência é também aprender a receber e saber deixar acontecer aquilo que não é estritamente de nossa incumbência, ou seja, que igualmente atua como selecionador. São muitos os exercícios que qualquer um pode efetuar referentes ao cultivo de sua paciência aproveitando a vida cotidiana. Sugerimos dois para aqueles que conduzem automóvel: 1°) Quando um automobilista tentar ultrapassá-lo de forma violenta, deixe-o passar e pergunte-se aonde vai com tanto pressa: ligar o televisor? 2°) Se você tiver que viajar por uma estrada em uma viagem longa, proponha uma marcha de absoluta regularidade.

 
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EXERCÍCIOS DE SILÊNCIO:
 

Praticar o silêncio é recorrer a uma das energias mais poderosas de que pode dispor o homem. A tremenda concentração de uma consciência alerta, que não desperdiça energia em valores e circunstâncias relativos e fugazes, dá nascimento à autoconcepção dos mundos, aos que a prática do silêncio conduz. Calar em uma conversação, ou em uma discussão, sobretudo se o tema supõe um triunfo de seu ego, ainda que lhe seja negada a razão que você tenha, é igualmente uma experiência muito interessante, só reconhecível por aquele que a tenha vivido.

 

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