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OS CICLOS  II

 

Como já sabemos, a precessão dos equinócios (25.920 anos) é o número cíclico fundamental, pois, a partir dele e de suas subdivisões, organizam-se e se estruturam os diferentes períodos da humanidade (ver Módulo II, títulos N.º 54  e N.º 105). A principal dessas subdivisões é justamente a metade da precessão, quer dizer, 12.960 anos (13.000 em números redondos), módulo de tempo que era conhecido por todos os povos da Antigüidade, alguns dos quais, como os caldeus e os gregos, deram-lhe o nome de “grande ano”, dando a entender assim que se trata de um ciclo completo em si mesmo.

Na tradição hindu, cinco desses “grandes anos” constituem também o Manvántara (5 x 12.960 = 64.800), o qual acrescenta uma nova perspectiva a nossos estudos sobre os ciclos, pois até agora tão somente tínhamos considerado sua divisão quaternária em correspondência com as quatro idades da humanidade. Se estas últimas assinalam as etapas do descenso cíclico, que se acompanha por um encurtamento na duração de cada idade, a divisão em cinco “grandes anos” de igual duração estaria em correspondência com os períodos de tempo que dentro do Manvántara transcorrem entre dois cataclismos geológicos, que sempre provocaram mudanças consideráveis na geografia do planeta, sujeito indevidamente ao ritmo marcado pela sucessão dos grandes ciclos cósmicos.

O Dilúvio bíblico se refere em realidade a um desses cataclismos, que entre outras conseqüências, provocou o desaparecimento do continente atlante (a Atlântida, a mítica “ilha do Ocidente”) e a civilização que se desenvolveu dentro dele, civilização em que existiu um centro espiritual diretamente emanado da Tradição Primordial. Esse cataclismo representou o passado do quarto “grande ano” ao quinto, ao final do qual nos encontramos atualmente, coincidindo portanto com o fim do Manvántara. Numerosas tradições guardaram a memória dessa civilização, muitas das quais se consideraram suas herdeiras, como é o caso da Tradição Hermética e de todas aquelas que com o passar do último “grande ano” habitaram a costa oeste da Europa, a bacia do Mediterrâneo e Oriente Médio, e é obvio as culturas da América pré-colombiana. Recordemos que o mesmo Platão fala da Atlântida em dois de seus “Diálogos”: Timeu e Crítias.

Se tivermos em conta que esse cataclismo, segundo os dados tradicionais, teve lugar ao redor do ano 11.000 A. C., o anterior ocorreu em torno do ano 24.000 A. C., marcando assim o passado do terceiro “grande ano” ao quarto. Diz-se que dito cataclismo provocou o deslocamento de um grande continente (que recebeu o nome da Gondwana) situado nas regiões mais meridionais da Terra. É bastante provável que a civilização que floresceu em dito continente tivesse como descendentes a todas aquelas tradições que se desenvolveram principalmente na África e Austrália.

Por volta do ano 37.000 A. C. temos a passagem do segundo “grande ano” ao terceiro, marcado por um cataclismo que afetou, sobretudo, os povos que habitavam outro grande continente localizado nas regiões extremo-orientais, cujos restos formariam todas essas milhares de ilhas dispersas hoje em dia pelo sudeste asiático e grande parte do Pacífico. E quanto à passagem do primeiro “grande ano” ao segundo, pouco se sabe do cataclismo que a marcou, embora sua data, 50.000 A. C., coincida com a que a ciência moderna atribui à primeira glaciação, quando as regiões hiperbóreas, que até então gozavam de uma “eterna primavera”, cobriram-se de gelo. É interessante destacar que na sucessão das quatro idades da humanidade, os dois primeiros “grandes anos” (de 63.000 a 37.000 A. C.) pertencem inteiramente à Idade de Ouro que, como sabemos, cobre um ciclo completo da precessão dos equinócios (2 x 12.920 = 25.920 anos), indicando-nos que dentro dessa Idade há que se distinguirem também dois períodos distintos, embora para aquela humanidade primitiva tão somente existisse uma só e única Tradição.

 
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AGARTHA

 

Ao longo deste Programa, referimo-nos muitas vezes a Agartha sob diferentes formas, e acreditamos oportuno efetuar algumas elucidações sobre este país invisível, sobre este território não localizável de maneira espacial –mas que existe efetivamente no invisível e que todo ser humano pode encontrar em seu interior mediante um processo ordenado e gradual– de que este manual de introdução aos símbolos e à doutrina tradicional tomou seu nome. René Guénon, o esoterista mais importante do século XX, referindo-se à Agartha, disse:

“Falamos antes de alusões feitas por todas as tradições a alguma coisa que está perdida ou oculta, e que se representa sob diversos símbolos; isto, quando se toma em seu sentido geral –o que concerne a todo o conjunto da humanidade terrestre– se relaciona precisamente com as condições do Kali-Yuga. O período atual é, portanto, um período de obscurecimento e de confusão; suas condições são tais que, enquanto persistam, o conhecimento iniciático deve necessariamente permanecer oculto; de onde o caráter dos “Mistérios” da Antigüidade chamada “histórica” (que nem sequer se remonta até o princípio deste período) e das organizações que dão uma iniciação efetiva onde ainda subsiste uma verdadeira organização tradicional, mas da que não oferecem mais que a sombra quando o espírito desta doutrina deixou que vivificar os símbolos, que não são mais que a representação exterior; e isto porque, por diversas razões, todo vínculo consciente com o centro espiritual do mundo terminou por romper-se, o que é o sentido mais particular da perda da tradição, que concerne especialmente a tal ou qual centro secundário, que deixa de estar em relação direta e efetiva com o centro supremo”.

“Deve-se falar, então, como já o dizíamos precedentemente, de algo que está mais oculto que verdadeiramente perdido, pois não está perdido para todos, e alguns o possuem ainda integralmente; e, se for assim, outros têm sempre a possibilidade de voltar a encontrá-lo, contanto que o busquem como convém, quer dizer, que sua intenção esteja dirigida de tal modo que, pelas vibrações harmônicas que desperta segundo a lei das “ações e reações concordantes”, possa pô-los em comunicação espiritual efetiva com o centro supremo”.

E adiciona:

“Trata-se sempre de uma região que, como o paraíso terrestre, torna-se inacessível para a humanidade ordinária, e que está situada fora do alcance de todos os cataclismos que transtornam o mundo humano no final de certos períodos cíclicos”.

Quanto à introdução que procura o Programa Agartha, relaciona-se fundamentalmente com a Cosmogonia, como suporte imediato do Ser, e com a Metafísica. Nesse sentido, assinalamos determinadas vias iniciáticas para aqueles que tenham afinidade com elas como o islã, o judaísmo, o budismo mahayana, o zen budismo, etc., em particular para os que necessitam prementemente do rito exotérico comunitário, ou da emoção religiosa. Só queremos advertir aos estudantes a respeito de certas seitas que existem em todo mundo; mas acreditam que depois de ter seguido o Programa o leitor estará capacitado para distinguir entre o joio e o trigo. Entretanto este manual está dirigido para o ocidente, e se refere mais particularmente à Tradição Hermética. Se alguma instituição iniciática moderna e internacional poderia adotar o direito de representar essa Tradição, esta é a Maçonaria, que até tendo perdido em geral o sentido dos mitos e dos ritos que ela conserva e que ainda continuam vivos em algumas de suas lojas maçônicas, está capacitada para transmitir o influxo espiritual que representa. E por certo que está igualmente viva a Tradição Cristã, cujo esoterismo nos deu a maior parte do pouco que temos e pela qual também podemos recuperar o muito que tivemos. De todas maneiras, insistimos em que o estudante da Tradição Hermética pode trabalhar sozinho; embora deste modo, sublinhamos que é conveniente assimilar-se uma forma Tradicional, quando se adverte da grave responsabilidade que se deposita sobre nossos débeis ombros, e simultaneamente admitimos a inconveniência de alimentar nossos egos. Uma sentença islâmica assegura que no começo de um ciclo ao aprendiz se lhe exige pelo menos o conhecimento de nove das dez partes da totalidade, mas que nos últimos tempos só com uma décima parte poderá ser salvo, o que não deixa de ser reconfortante para nós, ignorantes atuais, e o que, além disso, deve ficar em relação com o Evangelho cristão que afirma que, para o fim deste ciclo, até os próprios meninos poderão ver e ser transfigurados na luz eterna, o que constitui, sem dúvida nenhuma, uma imensa esperança também para nossos filhos. Tomando devida nota de que este Programa é muito mais para aqueles que estão desiludidos de suas ilusões que para iludidos.

 
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O ESOTERISMO CONTEMPORÂNEO

 

A presença da Tradição Hermética não se esgotaria com o desaparecimento do movimento rosa-cruz em meados do século XVII, mas sua influência seguiria sendo decisiva em todas aquelas correntes esotéricas e iniciáticas que surgiriam ao longo dos séculos XVIII e XIX, como é o caso, por exemplo, da Maçonaria moderna. Na verdade, a energia espiritual do Deus que é Triplo em sua Sabedoria não deixou de se manifestar nunca no Ocidente até nossos dias, embora tenha havido momentos em que, devido às dificuldades do meio profano e dessacralizado, esse influxo tão somente fecundasse o coração de uns poucos, os quais, entretanto, têm feito possível a continuidade da transmissão da Ciência Sagrada, adaptando-a à mentalidade de seus contemporâneos e às circunstâncias especiais deste final de ciclo. Este é o caso de René Guénon (1886-1951), considerado, como já se disse, o maior metafísico e esoterista do século XX, e cuja obra representa a síntese mais completa da doutrina tradicional realizada em nosso tempo e nesta parte do mundo, e que foi também decisiva para validar os estudos e as investigações sobre os símbolos, considerados como os veículos do Conhecimento, atuando neste sentido seu autor como um verdadeiro hermetista, pois a revivificação dos símbolos, portadores das idéias da Sabedoria Perene, foi sempre uma das funções mais importantes dos mestres herméticos em todo tempo e lugar. Uma obra que em definitivo serviu, e servirá, como guia intelectual a numerosos homens e mulheres que procuram sua realização interior mediante o aprofundamento na Via Simbólica, que é precisamente uma das formas que tomou hoje em dia o esoterismo contemporâneo no Ocidente, e portanto a Tradição Hermética, ao compreender todas aquelas disciplinas que fazem referência direta à Cosmogonia e à Ontologia, ou seja, ao conhecimento do Ser e dos diferentes planos de sua manifestação, cujo conjunto compreende a totalidade do que antigamente se chamou os “Pequenos mistérios”. Mas estes, longe de representarem a totalidade do Conhecimento, constituem tão somente um suporte (mas, este sim, imprescindível) para aceder ao “Grandes Mistérios”, quer dizer, à Metafísica, cujos princípios gerais foram também expostos por Guénon, e que completariam, coroando-os, seus estudos sobre a Ciência Sagrada.

Recordemos que a Metafísica se refere a tudo aquilo que está mais à frente do edifício cósmico, e inclusive além de seu princípio criador, que não é outro que o Ser, ocupando-se exclusivamente do conhecimento transcendente do Não-Ser, por cima do qual tão somente se encontra a Não-Dualidade ou Perfeição Infinita da Suprema Identidade. O Ser, a Unidade, é o Não-Ser afirmado e, portanto, representa já uma primeira determinação, que embora seja a mais primordial de todas, está ainda condicionada com relação a aquelas outras possibilidades, verdadeiramente infinitas, que não se manifestarão jamais por sua natureza inefável e incondicionada, e que pertencem inteiramente ao Não-Ser, o qual, por conseqüência, contém tanto o que será manifestado através do Ser como o que nunca se manifestará. Assim, distinguir entre o Ser e o Não-Ser, entre Kether e En Sof, é essencial para quem empreende o caminho da verdadeira Gnose, que sempre têm que ter como referência permanente o supra-cósmico e as idéias e princípios mais universais, embora os interessados estejam recém iniciando esse caminho e ainda tenham que complementar suas primeiras transmutações alquímicas. Ou talvez por isso mesmo é que devam ser advertidos e conhecer essa diferença no começo, evitando assim posteriores confusões que lhes impediriam de ultrapassar as condições que lhe prendem a seu estado individual e contingente.

O mesmo podemos dizer da confusão entre metafísica e religião, que é outra das questões que Guénon procurou sempre clarear, como também o tem feito nosso Programa em várias oportunidades (ver, sobretudo, o Módulo II, título N.º 99). Essa confusão é bastante comum hoje em dia, inclusive entre alguns dos que se nutriram da obra do Guénon, à qual, por este motivo, distorceram, quando não simplesmente manipularam e traíram. É necessário distinguir nitidamente entre o metafísico e o ponto de vista religioso, entre outras razões porque este se limita sempre ao mais exterior, considerando ao elemento sentimental e devocional acima do verdadeiramente intelectual e espiritual, com o que esse ponto de vista não contempla a idéia de uma Cosmogonia, e em conseqüência a possibilidade da iniciação nos mistérios da vida e do Ser, ante-sala dos grandes mistérios da Metafísica. Confundir o metafísico com o religioso supõe a inversão total das relações hierárquicas entre o exotérico e o esotérico e, mais ainda, entre o psíquico e o espiritual.

Neste sentido, e para concluir, eis aqui o que diz a respeito o próprio Guénon: “A metafísica e a religião não estão, nem estarão jamais, no mesmo plano; disso resulta, por outra parte, que uma doutrina puramente metafísica e uma doutrina religiosa não podem competir nem entrar em conflito, posto que seus domínios são claramente diferentes”. (Oriente e Ocidente, 2ª parte, Cap. IV). E do mesmo modo: “Pretender que a iniciação pudesse ter nascido da religião [...] é inverter todas as relações normais que resultam da natureza própria das coisas; e o esoterismo é verdadeiramente, com respeito ao exoterismo religioso, o que é o espírito em relação com o corpo, tanto é assim que, quando uma religião perdeu todo ponto de contato com o esoterismo, não fica nela mais que 'letra morta' e formalismo incompreendido, porque o que a vivificava era a comunicação efetiva com o centro espiritual do mundo, e esta somente pode ser estabelecida e mantida conscientemente pelo esoterismo e pela presença de uma organização iniciática verdadeira”. (Apreciações sobre a Iniciação, cap. XI).

 
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FIM DE CICLO

 

A velocidade com a qual transcorrem os acontecimentos do mundo, e a crescente sensação de instabilidade que se deriva de tudo isso, é uma das características principais do fim de ciclo que estamos vivendo. O tempo está a ponto de esgotar-se por sua própria aceleração, fazendo com que a humanidade se encontre hoje em dia mais afastada que nunca de seu Princípio. Neste sentido, poderia se dizer que o desenvolvimento cíclico e temporário supõe um afastamento gradual e paulatino do pólo essencial da manifestação, que é a Unidade primordial, e inversamente uma cada vez mais progressiva queda no pólo substancial, ao qual pertence o reino da quantidade e da multiplicidade. Em analogia com isto, dito afastamento provocou também que o ser humano fosse perdendo, pouco a pouco, consciência de suas realidades superiores, vendo-se exposto finalmente a desenvolver aquilo que nele existe de mais inferior e superficial. Esta é a tendência geral, aquela que marca o tom de nossa época terminal, considerada como a fase mais escura da “Idade Sombria” (o Kali-Yuga ou Idade de Ferro), e que por isso mesmo reveste um caráter anômalo e invertido com respeito ao que foi a história da humanidade em épocas anteriores, e não muito longínquas.

De uma ou outra maneira, quase todas as tradições mencionaram em suas profecias e textos sagrados as características com que se revestirá o fim de ciclo, e que se ajustam inclusive nos detalhes ao que estamos vivendo na atualidade. Mas por cima dos horrores e tristezas que trazem os sinais deste tempo, abre-se para todos os homens e mulheres de coração reto a esperança de um mundo verdadeiramente novo, onde “já não haverá noite, nem se terá necessidade de luz de tocha, nem de luz do sol”, pois a roda terá deixado de girar e o tempo se absorveu na Realidade de seu centro imutável.

“Quando reinam o engano, a mentira, a inércia, o sonho, a maldade, a consternação, a aflição, a confusão, o medo, a tristeza: isto se chama a Idade Kali, que é tenebrosa”. Bhagavata Purana. Livro XIII.

“Na Idade Kali a riqueza, entre os homens, substituirá em muito a nobreza de origem, a virtude, o mérito; o direito e a regra estarão determinados pela força”. Ibid.

“... agora existe uma estirpe de ferro. Nunca durante o dia se verão livres de fadigas e misérias nem deixarão de consumir-se durante a noite, e os deuses lhe procurarão ásperas inquietações (...). O pai não se parecerá com os filhos nem os filhos ao pai; o anfitrião não apreciará a seu hóspede, nem o amigo a seu amigo, e não se quererá ao irmão como antes. Desprezarão a seus pais apenas se façam velhos e lhes insultarão com duras palavras, cruelmente, sem advertir a vigilância dos deuses (...). Nenhum reconhecimento haverá para o que cumpra sua palavra nem para o justo e o honrado, mas sim terão em mais consideração ao malfeitor e ao homem violento. A justiça estará na força das mãos e não existirá pudor; o malvado tratará de prejudicar o varão mais virtuoso com retorcidos discursos e, ademais, valer-se-á do juramento. A inveja murmuradora, apreciadora do mal e repugnante, acompanhará a todos os homens miseráveis”. Hesíodo, Os Trabalhos e os Dias, versos 174-195.

“Cuidei que ninguém vos engane, porque virão muitos em meu nome e dirão: ‘Eu sou o Messias', e enganarão a muitos. Ouvireis falar de guerras e rumores de guerras, mas não vos turveis, porque é preciso que isto aconteça, mas não é ainda o fim. Levantar-se-á nação contra nação e reino contra reino, e haverá fome e terremotos em diversos lugares. Mas isto será o começo das dores do parto (...) Então se escandalizarão muitos e uns aos outros se farão traição e se aborrecerão; e se levantarão muitos falsos profetas, e pelo excesso de maldade se esfriará a caridade de muitos, mas o que perseverar até o fim, esse será salvo”. Mateus 24, 4-13.

 
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ALQUIMIA: A REMINISCÊNCIA

 

A reminiscência é recordar a Origem e por isso penetrar no Eterno Presente. Assim, a reminiscência atualiza o que sempre foi, ou seja, o que é (e o que dá a vida) e o conhecimento de outra realidade multi-dimensional, e o espaço em que ela se produz. É necessário advertir que nesse outro âmbito se compreende –ainda que seja nebulosamente– a presença de uma ampla cadeia de testificação, das origens, incluindo deuses, heróis ou personagens incríveis que transmitiram estas energias que se recebem mediante operações de alquimia, manifestam-se sempre pela dualidade de opostos solve-coagula, dissolver e coagular, graças ao fogo do coração que preside toda a Obra e se conjugam sempre no Presente, que outorga a autêntica maestria aos Adeptos ao Conhecimento.

A anamnese, ou seja, a Recordação, adquire muitas instâncias que se transformam em reminiscências. O déjà vu é uma delas, assim como a recuperação da identidade que pressupõe o ingresso num plano diferente, mercê a desvelar a Potência, superior à soma de todos os atos. A Antigüidade, o país dos ancestrais, é agora. O que algumas civilizações nomearam como o reino dos mortos é a matéria atual da Obra e indica que o nigredo foi assimilado. Então, o Adepto deixa o luto e luze uma nova vestimenta caracterizada pela perenidade, assim que se encontre embelezado com uma serena alegria, ou consumido na agonia sacrifical do suicídio reiterado, ou alternando ambas as situações.

Quem cruza o umbral guarda em silêncio o Segredo de algo que se revela em sua consciência, mas que não se manifesta de modo ordinário. Bem-vindos à Certeza e aos Grandes Mistérios.

Tudo isto já aconteceu. O fim do mundo já foi.

 
 

Fim do Módulo III

Índice de Conteúdos Módulo III


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